Você já deve ter ouvido falar da gigantesca ilha de lixo que bóia no meio do Oceano Pacífico, entre a California e o Havaí. Ela é formada por pedaços minúsculos de plástico arrastados para um ponto de convergência de diversas correntes marinhas. Seu tamanho é incerto – as estimativas mais conservadoras falam em 400 mil quilômetros quadrados, algo como o tamanho do Pantanal brasileiro, mas ela poderia ocupar até 10% da superfície do Pacífico (ou duas vezes a área dos Estados Unidos).
O que você provavelmente não sabe é que existem pelo menos outros quatro lixões oceânicos similares, além de algumas formações menores nos dois pólos. Há estimativas de que 10% de todo o lixo plástico – algo como 91 milhões de toneladas anuais – acaba nos oceanos. A maior parte acaba afundando, mas cerca de um terço do total é arrastado para essas zonas de atração.
The 5 Gyres Project- iniciativa da Algalita Marine Research Foundation, organização dedicada à pesquisa e à conservação marinha – está promovendo uma série de expedições para coletar amostras e investigar qual o real impacto desse fenômeno. O projeto está convocando navegadores de todo o mundo a participar, para que relatem o que encontram nos sete mares que percorrem. O capitão Charles Moore, fundador da Algalita, é considerado o primeiro a ter identificado a ilha de plástico do Pacífico Norte.
Um dos relatos já recolhidos é o do jornalista Stiv Wilson, que visitou recentemente o vórtex do Atlântico Norte, entre Bermuda e os Açores. Ele conta que encontrou de tudo, de isqueiros a escovas de dentes, de baldes a embalagens de fio dental. “Qualquer produto que você encontraria numa mercearia em qualquer parte do mundo”, comparou.
Mas a maioria dos objetos que flutuam nessas ilhas de lixo não é identificável. O sol se encarrega de quebrar os fragmentos de plástico em pedaços cada vez menores. No entanto, os polímeros que os compõem jamais serão degradados. Dada a sua dimensão diminuta, eles são facilmente ingeridos por peixes e aves, que se encarregam de disseminar a contaminação via cadeia alimentar. Como as ilhas de plástico têm alta concentração de poluentes orgânicos persistentes, com o pesticida DDT e dioxinas, a sua toxicidade é bastante alta.
Ainda não há negociações internacionais para discutir formas de mitigar o problema. Seria viável tirar parte desse plástico de circulação? De quem é a responsabilidade (ou seja, quem deveria pagar a conta)? Os países cujas águas territoriais foram contaminadas? A ONU? Ou os fabricantes de plástico?