A capacidade de cultivar o próprio imaginário cultural vira peça de resistência nacional
Por Amália Safatle
No dia 31 de outubro, prepare-se: bruxas vão invadir casas, escolas e festas com suas abóboras de plástico, morcegos de borracha e fantasias compradas nas lojas de brinquedos. Já desconectadas do mito celta que lhes deu origem, cultuado na longínqua Irlanda, as bruxas que aterrizam no Brasil freqüentam as mesmas prateleiras ocupadas pelos Power Rangers, Barbies, X-Men, Rebeldes e Bob Esponjas da vida – personagens que povoam o imaginário infanto-juvenil brasileiro e engordam as carteiras dos licenciadores de marcas por meio dos mais inimagináveis objetos de consumo.
Guloseimas ou travessuras não são a única dialética envolvida na questão. Identidade cultural ou imitação nacional são maneiras mais amplas de abordar um tema que começa nas bruxas, nos sacis, nas Emílias e nas cucas, passa pelas festas populares e religiosas e desemboca no desenvolvimento da nação e na inserção do Brasil no mundo globalizado.
Em discussão está a forma como a sociedade brasileira vai buscar soluções para seu desenvolvimento humano, econômico e ambiental: aproveitando as vantagens comparativas dadas pela sua ampla diversidade cultural, humana e natural ou copiando modelos exóticos de desenvolvimento nem sempre adequados à sua realidade.
“A capacidade de criar e cultivar o próprio imaginário é que vai definir a identidade de um país e permitir que o projeto deste país se implante. E a cultura é o instrumento para isso”, afirma o filósofo e sociólogo Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo. “Não temos políticas públicas efetivas porque a identidade nacional é diluída.”
O professor emérito da Fundação Getulio Vargas Luiz Carlos Bresser-Pereira – que chegou a publicar um artigo associando a identidade nacional, o desenvolvimento e a Emília de Monteiro Lobato – afirma que o Brasil retrocedeu a uma condição semicolonial. Isso teria acontecido assim que o País deixou de lado “a idéia de nação”, passou a acreditar que o desenvolvimento se daria apenas por meio da entrada de multinacionais e pelo aumento da poupança externa e adotou à risca o receituário ortodoxo ditado pelas escolas de Washington, Frankfurt e Paris.
“O grande acordo de classes que havia sido firmado no País contra o imperialismo e a oligarquia agroexportadora teve sua primeira morte já no Golpe de 64, a partir do alinhamento dos empresários e militares brasileiros com os Estados Unidos”, afirma o professor.
“A questão no fundo é de ordem econômica, política e geopolítica”, analisa a historiadora Marcia Camargos, autora do livro infantil Nas Pegadas do Saci e co-autora da biografia de Monteiro Lobato, Furacão na Botocúndia. Segundo Marcia, sem identidade nacional teremos sempre o sentimento de colonizado descrito por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil: “(…) somos ainda uns desterrados na nossa terra”.
Ideário exótico
Foi com esse espírito que em 2003, no Vale do Paraíba, em São Luís do Paraitinga, nasceu um grupo disposto a resgatar personagens e mitos brasileiros atropelados pela avalanche de uma poderosa indústria cultural, em boa parte estrangeira. O grupo nasceu ciente de que nesse pacote importado vem todo um ideário exótico, que, assim como espécies de outros biomas, pode sufocar as “espécies nativas” e comprometer sua diversidade e capacidade de sobrevivência.
No início formado por 13 pessoas, o grupo começou como uma “brincadeira séria”, nas palavras de um de seus componentes, o escritor Vladimir Sacchetta, que escreveu com Marcia e Carmen Lúcia de Azevedo Furacão na Botocúndia. A iniciativa ainda hoje é vista por muitos como brincadeira, apesar da seriedade que encerra: trata-se da Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci).
Mas eis que o menino franzino de uma perna só ganha corpo: a entidade já conseguiu envolver em torno de sua causa o Ministério Público Federal e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, onde há um programa para registrar o saci no Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro, formado por saberes, celebrações, formas de expressão, lugares e edificações. Já são objeto de registro o Círio de Nazaré – a maior festividade religiosa brasileira -, as Paneleiras de Goiabeiras – artesãs capixabas das panelas de barro – e o ofício do acarajé.
A questão, obviamente, transcende a figura do saci. Este apenas é o agente simbólico de uma transformação cultural e educacional que busca não só fortalecer a identidade da nação como contar a história do Brasil por outros ângulos, e não apenas a versão do “vencedor”, o homem branco colonizador.
Símbolo de libertação
Mário Cândido da Silva Filho, presidente da Sosaci, diz que, enquanto o Halloween era comemorado nas escolas de inglês ou em um ou outro lugar, tudo bem. “Mas, quando entrou nas redes públicas de ensino, inclusive nas escolas da zona rural de São Luís do Paraitinga, nos chamou a atenção”, conta.
Sacchetta frisa que a iniciativa não é xenófoba nem purista. “Queremos que a cultura, no mínimo, seja uma via de duas mãos”, diz. Ele lembra que o próprio Lobato, apesar de nacionalista, era grande admirador de Walt Disney, e freqüentemente fez a turma do Sítio do Picapau Amarelo “contracenar” com personagens como Peter Pan e Popeye, mostrando a possível coexistência de culturas distintas, desde que a nacional fosse preservada.
“Não temos nada contra o Halloween em si, mas é preciso saber que estamos engolindo mais um produto processado pelos Estados Unidos para vender, e já profundamente descaracterizado de suas origens míticas”, diz.
A primeira reação de ordem prática da entidade foi mobilizar-se para criar o Dia do Saci, justamente em 31 de outubro, como símbolo de resistência e valorização da cultura nacional. A cidade e o estado de São Paulo oficializaram a data comemorativa em 2004. A próxima etapa é levá-la ao nível nacional, e para isso há um projeto de lei em trâmite na Câmara dos Deputados.
O saci rendeu até investigação do Ministério Público Federal, que se propôs a inspecionar se as escolas municipais de São Paulo estavam comemorando ou não o Dia do Saci: o resultado foi que 46,7% das escolas da rede estadual de ensino fundamental e 18,6% das escolas da rede municipal ignoraram a lenda brasileira e têm comemorado o Halloween. Entre as particulares, o índice é de 36,6%.
Segundo Marcia, a principal crítica feita à Sosaci é de que essa é uma questão supérflua e burlesca, quando há assuntos de interesse da sociedade bem mais relevantes.
De fato, o Brasil acumula problemas de toda ordem, mas, segundo a historiadora, muitos deles podem ter sido originados justamente pela falta de uma forte identidade nacional e de um sentimento de coletividade e respeito aos bens públicos. O País nasceu colonizado, escravagista e dirigido por elites que em geral buscaram – e buscam – tirar vantagem de sua dominação.
O saci foi escolhido como um símbolo de libertação e miscigenação, que remete à ancestralidade africana e indígena brasileira, em contraposição à elite nacional que se espelhava primeiramente em Portugal, depois na França e mais recentemente em Miami e Nova York. A mesma elite que vestiu de heróis, por exemplo, os bandeirantes que matavam índios, perseguiam escravos e derrubavam florestas. Valorizar personagens como o curupira, o caipora, a iara, o jurupari e tantos outros – todos habitantes das matas – seria uma forma de questionar os modelos dominantes de civilização e de exploração da natureza.
As bruxas de Bush
Consta que a lenda do saci-pererê nasceu entre os índios tupis-guaranis, na atual fronteira entre Brasil e Paraguai. O nome seria uma corruptela de Çaa cy perereg, som do piado de uma coruja. Pelas escravas africanas, grandes contadoras de história, o saci teria adquirido a forma de um negrinho, incubado dentro dos gomos do taquaruçu, bambu de grande porte da mata brasileira.
Graças à oralidade, e quem sabe ao inconsciente coletivo brasileiro, a lenda espalhou-se por praticamente todo o território nacional. A única perna simbolizaria a libertação: diziam as negras que ele teria preferido cortar a perna acorrentada a manter-se em cativeiro.
No documentário Somos Todos Sacys, o professor de Antropologia na Universidade de São Paulo, Renato Queiroz, conta que, ao fazer tranças nas crinas dos cavalos e derrubar cavaleiros, o saci também desafiava e transgredia um símbolo do poder instituído, pois as pessoas importantes é que andavam a cavalo no Brasil rural, enquanto o povo seguia descalço.
“O saci, então, remete à mistura dos três povos no Brasil: o indígena, o negro, e o branco – este representado pela carapuça, ou piléu, símbolo da liberdade na Roma Antiga”, explica Sacchetta.
A miscigenação no Brasil, é claro, não foi um processo tranqüilo, com uma raça tentando sobrepor seu ideário político e religioso à outra. Disso o saci também não escapou, e no Brasil Colônia foi demonizado: a figura ganhou chifres, cheiro de enxofre, dentes afiados e um bastão, como se estivesse pronto a atacar alguém.
E assim o negrinho foi perseguido, tal qual os negros no Brasil. Na Antologia do Folclore Brasileiro, Luís da Câmara Cascudo registrou um flagrante de racismo até mesmo entre os grandes folcloristas brasileiros. João Alfredo de Freitas, autor de Lendas e Superstições do Norte do Brasil, assim escreveu, em 1884: “Os africanos, todos os escritores estão de acordo, são dotados de uma falta de desenvolvimento das faculdades intelectuais quase comprometedora”.
Foi Lobato quem buscou resgatar o saci do “inferno”, transformando-o em um personagem endiabrado, sim, mas divertido, travesso e espertíssimo. Na época em que explodiam as bombas da Primeira Guerra Mundial, o saci virou até garoto-propaganda dos cigarros Castellões, dos chocolates Lacta e das máquinas de escrever Remington.
“Assim como Lobato resgatou o saci e o contrapôs ao modelo civilizatório europeu que sucumbia à guerra, hoje nós o contrapomos às bruxas de George Bush”, diz Sacchetta.
Se as tradições culturais, o folclore e a geopolítica estão mais interligados do que se pensa, é o caso de abordar esses temas com maior ênfase nas escolas, e começar a ensinar História do Brasil por meio de outras versões.
Um avanço foi a promulgação da Lei no 10.639, em 2003, que tornou obrigatória a inclusão no currículo oficial da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. Mas é preciso avançar, entendem a Sosaci e outras entidades e movimentos que atuam com o objetivo de interferir nas políticas públicas de ensino para difundir as raízes e a diversidade cultural do País.
Uma dessas entidades é a organização Grãos de Luz e Griô, sediada em Lençóis, na Chapada Diamantina, e formada por 40 educadores. “Nossa idéia é levar a tradição oral e cultural brasileira para a rede de educação formal”, afirma a coordenadora Líllian Pacheco. A ONG é reconhecida pelo Ministério da Cultura como “ponto de cultura”, ou seja, integra uma rede de iniciativas culturais, articuladas entre si, que recebem um aporte de recursos governamentais para executar seus programas.
Griô vem da palavra francesa “griot”, que os estudantes africanos nas universidades da França usavam para se referir à prática de transmitir oralmente o conhecimento ancestral em suas comunidades, de geração em geração: expressões, técnicas, representações e também instrumentos e objetos. Por isso se costuma dizer que a morte de um griô equivale ao incêndio de uma biblioteca.
O principal projeto da ONG, chamado Ação Griô, procura aproximar-se do programa da Unesco “Living Human Treasures”, ou Tesouros Vivos Humanos, que incentiva a transmissão de conhecimentos acumulados, as habilidades e o “saber fazer”.
Contar a história brasileira por meio das histórias de vida dos brasileiros comuns, registrá-las e transformá-las em informação é justamente o propósito do Museu da Pessoa, entidade criada há quase 15 anos. Com cerca de 6 mil depoimentos de cidadãos do Brasil rural e urbano, o museu registra uma memória nacional que dificilmente é contada nos livros de História das escolas.
Cláudia Fonseca, coordenadora do programa de memória institucional do Museu da Pessoa, afirma que um tempo valioso dentro da grade curricular é gasto ensinando-se, por exemplo, História da Grécia e da Idade Média, enquanto história do Brasil contemporâneo é deixada de lado. Mas alguns passos foram dados: Cláudia conta que os coordenadores do museu têm desenvolvido conversas com o Ministério da Educação, e que algumas editoras de livros didáticos já pediram para ter acesso ao conteúdo arquivado pelo museu.
Forma de resistência
Trata-se de um avanço, uma vez que a educação formal brasileira e a academia, principalmente nos grandes centros urbanos, em geral ignoram a rica diversidade cultural de origem indígena e africana, avalia Líllian. Ela diz que, embora não seja amplamente divulgada através dos meios de comunicação, essa diversidade se manifesta nos dias atuais de forma vibrante, por meio da arte, da tradição oral, das cantigas, das danças e das festas. “O importante é que essas manifestações funcionam como uma resistência dos brasileiros que vivem sob a exclusão econômica e social”, diz.
Líllian explica que não se trata da festa pela festa: as manifestações culturais evocam toda uma forma alternativa de organização social, econômica e de trabalho. É essa forma de organização que torna possível a realização, sem qualquer tipo de financiamento ou coordenação institucional, de festas como a do Reisado, que envolve mais de 300 casas na zona rural de Lençóis.
“Essa mobilização é produzida pelo sentimento de coletividade, exercida com base na economia solidária e no convívio social em que se compartilha, por exemplo, o cuidado com os filhos e a construção de casas em mutirão”, diz Líllian.
Segundo a coordenadora, as casas de taipa construídas pelas mãos da comunidade não só possuem um valor estético como representam a construção da identidade das pessoas, a apropriação do espaço, o exercício de um protagonismo. “É bem diferente de um programa de habitação popular em que se constrói uma porção de casas de alvenaria, todas iguaizinhas”, afirma.
A mesma construção da identidade passa pelo resgate de uma História que conte, de fato, como o Brasil se formou. “Pouco se fala nas escolas, por exemplo, do genocídio dos índios e nem há interesse em conhecer a diversidade da cultura indígena no País. Em 1960, descobriu-se que apenas na Amazônia havia 60 troncos lingüísticos”, diz Líllian.
Ela atribui muito desse desinteresse à herança que a ditadura militar impôs ao Brasil, e por conseqüência ao formato e ao conteúdo do ensino no País. “Paulo Freire, que buscou reavivar os símbolos da cultura tradicional e considerava a cultura como elemento estruturante para a formação da consciência e da visão de mundo, foi rapidamente levado ao exílio”, exemplifica.
Versão dos vencidos
Para Claudia, do Museu da Pessoa, o que falta é iniciativa e o entendimento da sociedade de que o conteúdo no ensino precisa mudar e incorporar outros elementos. “No Brasil, o que muda, muda geralmente a serviço das elites. Se a versão ‘dos vencidos’ na História do Brasil não interessa às classes dominantes, as coisas acabam ficando como estão”, afirma.
“Temos no Brasil uma elite arduamente defensora de suas vantagens”, diz Danilo Santos de Miranda, do Sesc.
Isso explicaria por que a riqueza cultural brasileira não levou necessariamente à criação de uma identidade nacional forte o bastante para destacar politicamente o País no mundo globalizado. O Brasil, à exceção da Mauricio de Sousa Produções, e de algumas produções de Ziraldo, mal conseguiu desenvolver uma indústria cultural com seus personagens infantis, por exemplo.
“Faltou uma visão estratégica no tocante ao imaginário e à cultura”, diz Miranda. Já nos Estados Unidos, a indústria cultural é um dos principais itens da pauta exportadora. “Qualquer pessoa razoavelmente informada sabe o que é um táxi de Nova York, por exemplo. Não acho importante fazer cultura para dominar os outros, mas sim para não se deixar dominar pelos outros”, defende. Segundo ele, a França é exemplo de um país que sabe fazer isso muito bem: para cada filme estrangeiro que entra, o país produz dois nacionais.
A Índia é outro caso de valorização da produção cultural nacional – e o cinema é prova disso. O país sedia a maior indústria cinematográfica do mundo, com produção anual de cerca de mil filmes. “É um país que desenvolveu um imaginário muito forte, e não precisa do estrangeiro para se explicar. Com isso, acaba influenciando a região à sua volta com o modo próprio de ser”, diz Miranda.
Isso não leva a Índia a rejeitar elementos da cultura estrangeira. Os super-heróis americanos, amados por crianças e jovens do mundo todo, entram no país e ganham uma “roupagem” indiana, adaptando-se de certa forma à cultura local. O que lembra levemente a antropofagia que Oswald de Andrade, Mário de Andrade e alguns integrantes do Movimento Modernista lançaram como manifesto cultural na década de 20.
Para Sergio Milleto, coordenador da campanha Ética na TV, a televisão tem sido usada como instrumento de dominação de países desenvolvidos em busca de acesso aos recursos naturais dos países em desenvolvimento. “A TV Globo nasceu claramente dos interesses da ideologia americana, de quem até hoje compra seus enlatados”, diz. Além disso, Milleto afirma que boa parte da cultura no Brasil tem sido bancada por megapatrocinadores, sejam as grandes corporações nacionais, sejam as multinacionais, o que acaba comprometendo seu conteúdo.
O resultado é que tanto a TV como boa parte da produção artística – abafadas pelas leis de mercado ditadas pelos patrocinadores e donos do poder – deixam de pensar o Brasil como ele é, ou deveria ser.
Segundo Danilo Santos de Miranda, do Sesc, e Cláudia Fonseca, do Museu da Pessoa, se há algo em comum aos brasileiros, é a idéia de que existe um país por fazer, que o futuro será melhor e isso está em suas mãos empreendedoras.
Lobato também sonhava uma outra realidade, uma mudança que os adultos no poder não queriam realizar. Para isso criou o Sítio. Para ele, a República ideal seria a das crianças, elas é que poderiam modernizar a sociedade. E Emília era a representação máxima desse ideal libertário, da coragem de idéias, do desafio ao poder – e até da emancipação da mulher, ao se casar com o Marquês de Rabicó e logo em seguida se divorciar.
No documentário homônimo Furacão na Botocúndia, Emília é citada por Ziraldo, autor de O Menino Maluquinho e A Turma do Pererê, como a grande personagem da literatura brasileira, mais que Capitu, mais que Diadorim. O escritor Ignácio de Loyola Brandão chega a citá-la como grande personagem da literatura mundial. Em contraposição ao herói preguiçoso de Macunaíma, o professor Bresser-Pereira elogia a busca indignada, mas otimista, de uma identidade cultural por parte de Monteiro Lobato.
Se a palavra identidade deriva de idem, igual, traço em comum, a identidade polifônica do Brasil está nos diversos retalhos costurados da Emília. Falta só a emancipação, a boneca virar gente.