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Eva Sweeney tem paralisia cerebral. Não anda e não fala mas, cuidado: ela está armada. Graças a uma câmera adaptada à sua cadeira de rodas, sai por aí filmando o seu cotidiano, que expõe no blog The Deal with Disability. O resultado é fascinante. Mostra, sem firulas, como as pessoas se comportam na sua presença.
Na maioria dos casos, dirigem-se apenas a seus acompanhantes e falam dela como se estivesse ausente. Outros, como a mulher do vídeo que inclui aqui, reagem como se Eva fosse um bebê – embora ela tenha 26 e formação universitária. A garçonete praticamente brincou de “aviãozinho”, forçando-a a comer e beber. Ofereceu um copo ilustrado com bichinhos e – golpe de misericórdia – lascou um “I want you to feel better” (quero que você se sinta melhor). Ou seja, assumiu que alguém naquelas condições jamais poderia estar se sentindo bem ou à vontade.
Num outro episódio, Eva e sua acompanhante estão na fila de dum café da rede Starbucks. O homem atrás delas dispara: “Seu filho é maravilhoso [Eva tem, efetivamente, um ar juvenil, com o seu cabelo cortado à Joãozinho]. Stephen Hawking é o Einstein de hoje! Ele vai ser exatamente como Stephen Hawking quando crescer!”
Gênio ou não, o fato é que Eva tem uma agenda mais animada que a minha e a sua combinadas. Ela estudou questões de gênero no Occidental College, na Califórnia, e fundou o Queer on Wheels, um grupo de apoio a lésbicas, gays e transgêneros portadores de deficiências. Montou uma empresa de “passeadores de cachorro” – ela leva caninos para um rolê, atados à sua cadeira. Dá conferências, entrevistas, escreve artigos – usando diferentes recursos tecnológicos, como um facho de luz preso à testa, que ela direciona para um quadro formado por letras.
Sua principal mensagem para os bem-intencionados-mas-sem-noção: “fale com adultos como adultos. Se as pessoas me tratassem como todo mundo, elas perceberiam que eu sou realmente como todo o mundo”.