Se você tivesse uma expectativa de vida de 500 anos ou mais, quão amplificadas ficariam as perguntas atemporais na linha “qual o sentido da minha existência”? No curta de Ramin Bahrani (ao lado), quem responde é um saquinho plástico. O filme empresta sentimentos e racionalidade humanos ao famigerado protagonista, que vaga pelo mundo numa crise existencial sem saber de onde veio, para onde vai, e qual a sua finalidade.
É uma variante bem criativa de educação ambiental, que aproxima a questão da mortalidade humana ao problema do lixo que não desaparece. Há muita controvérsia sobre o tempo de decomposição do plástico (200, 400, 500 anos) porque os diferentes tipos reagem de diferentes formas na natureza. Mas certo é que alguns fragmentos não desaparecem nunca. Num dado momento, o saquinho filosofa: “Se eu pudesse pedir alguma coisa ao meu criador, seria a capacidade de morrer”.
O personagem é vivido, em voz, pelo diretor alemão Werner Herzog e ao longo de toda a história há várias inserções de informação ambiental típica, como o fato de que quase todo lixo, mais cedo ou mais tarde, acaba no mar.
Um filme lindamente confeccionado, pleno de significados.