E o debate ambiental chega, finalmente, às páginas policiais. Veja estas quatro histórias e diga se eu não tenho razão.
1)A polícia italiana prendeu, no final do ano passado, um grupo de mafiosos acusados de subornar a prefeitura de Mazara del Vallo, na Sicília, que está investindo algumas centenas de milhões de euros num projeto de geração eólica. Por meio de escuta telefônica, os investigadores descobriram que carros de luxo e milhares de euros foram distribuídos a políticos para que favorecessem uma empresa apoiada pela Máfia na licitação.
2) A Noruega gaba-se de ter construído a primeira prisão ecológica, uma unidade de segurança mínima instalada numa ilha de belas paisagens. A prisão de Bastoey conta com painéis solares, programas de reciclagem e produção de alimentos orgânicos. Ali, uma centena de prisioneiros (dentre eles assassinos e estupradores) tem aulas sobre preservação ambiental e respeito ao próximo. Eles vivem em pequenas casas, têm acesso à praia e às quadras de tênis, criam galinhas, cavalos, ovelhas e vacas. Também saem para pescar no barco da prisão e para colher frutas no pomar. Numa entrevista, o diretor do presídio, Oeyvind Alnaes, declarou que o seu trabalho era “criar oportunidades de desenvolvimento para os indivíduos e estabelecer as bases para uma possível transformação”. A ilha fica a apenas um par de quilômetros da costa, mas ninguém escapa, por motivos óbvios. Não sei você, mas eu pretendo passar minhas próximas férias lá.
3)A EPA, a agência ambiental norte-americana, criou uma lista de foragidos por razões ambientais, no melhor estilo faroeste. Distribui cartazes de “Procurado” e dá a ficha completa dos foragidos. Boa parte dos listados são engenheiros ou executivos de empresas nas áreas de serviços ambientais ou transportes. Eles são acusados dos crimes mais diversos: contrabandear freon (um gás que destrói a camada de ozônio), importar veículos incompatíveis com os padrões de emissão dos EUA, emitir efluentes sem tratamento, descartar terra contaminada com mercúrio sem os devidos cuidados, manipular amianto de forma irregular.
4) Crimes violentos são mais comuns em cidades com um número elevado de açougueiros. Esta é a conclusão de Amy Fitzgerald, professora de Criminologia da University of Windsor, no Canadá. Ela compilou dados do FBI, de programas de recenseamento e de relatórios de crimes ocorridos nos Estados Unidos entre 1994 e 2002. Daí ela construiu um gráfico que indica que crimes e o número de açougueiros per capita aumentam juntos. Ela notou que a abertura de um abatedouro de porte médio, com 175 funcionários, aumenta em 2,24% o número de prisões e em 4,69% o número de crimes registrados. Ela não encontrou o mesmo tipo de correlação com outras indústrias. E assim os defensores do vegetarianismo ganham mais um argumento contra a carne.