No último fim-de-semana, indígenas dos Estados Unidos reuniram-se na minha cidade, Santa Fe, durante a 89a edição do Indian Market, a maior feira de arte e artesanato produzidos por povos nativos norte-americanos. Cerca de 90 mil pessoas circularam por 600 estandes ao ar livre para ver e comprar trabalho de 1.086 artistas de uma centena de tribos. Turistas, colecionadores e donos de galerias se amontoaram na praça central da cidade, disputando a tapa vasos, colares, esculturas e pinturas que iam do mais tradicional ao contemporâneo. A qualidade dos artistas é inegável. Veja aqui uma amostra do que se viu por ali.
Quando cheguei à feira às 9 horas do primeiro dia, sábado, vários artistas já tinham vendido até a metade dos objetos exposto. Em muitos casos, eles haviam sido contatados previamente pelos compradores potenciais. Estes aguardavam a abertura dos estandes, às 6 horas da manhã, para terem prioridade na escolha das peças.
Embora muitos artistas tenham baixado seus preços dada a retração do mercado, os valores continuaram inacessíveis ao consumidor médio. Um colar simples, com uma fileira de contas de turquesa, não sai por menos de US$ 150 – mas meu favorito, uma gargantilha reversível (cada lado era de uma cor) com um mosaico de pedras muito bem executado, estava por módicos US$ 6.000. Francamente, valia cada centavo. Da mesma forma, os vasos não saiam por menos de US$ 300. A maior parte dos expositores tirou, durante a feira, mais da metade do seu faturamento anual.
Segundo os organizadores, a Southwestern Association for Indian Arts (SWAIA), o evento do ano passado movimentou pelo menos US$ 80 milhões. Este ano provavelmente foi bem melhor.
A área de alimentação da feira ofereceu uma variedade de pratos típicos das etnias do Sudoeste do país – carneiro assado, pão de milho azul, bolo Navajo (feito com vários tipos de farinha de milho e trigo), sopapillas (um pão frito inflado, comido com mel). Na frente das barraquinhas, longas filas de turistas esfomeados, todos muito brancos e paramentados no que consideraram um traje adequado ao evento – prata e turquesa da cabeça aos pés, dos anéis e colares às fivelas dos cintos e à decoração dos chapéus de cowboys. A cena me me fez lembrar da invasão da Argentina por turistas brasileiros que se cobrem de couro da pochete à cueca.
Além da feira, o Indian Market promoveu um concurso de trajes típicos, um festival de cinema ao ar livre, shows de danças tradicionais e um inusitado concurso de skate. O esporte aparentemente é popular entre os índios norte-americanos. Alguns artistas inclusive ofereciam pranchas decoradas com motivos tradicionais. A competição foi patrocinada pela Apache Skateboards, empresa fundada há oito anos numa reserva Apache do estado do Arizona.
Ficou com vontade de participar? Venha no ano que vem – mas me escreva antes, para que eu passe mais dicas.