A Conferência das Partes da Convenção da Biodiversidade abriu essa semana em Nagoya, no Japão, com o chororô convencional. Chororô justificado, que fique claro. O anfitrião do evento, o ministro japonês do Meio Ambiente, Ryu Matsumoto, lembrou que as metas de redução de perda da biodivercidade estabelecidas na COP anterior, em 2002, foram praticamente ignoradas e que o ritmo de extinção atual é mais de mil vezes superior à que ocorreria se os humanos não dominassem o planeta.
Só para refrescar a memória: segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), quase um quarto dos mamíferos, um terço dos anfíbios, mais de uma em cada oito espécies de aves e mais de um quinto das plantas enfrentam risco de extinção (aqui um bom resumo feito pelo jornal The Guardian). Para conhecer esse quadro em detalhes, você pode dar uma olhada na terceira edição do Global Biodiversity Outlook.
Durante 12 dias, delegados dos 193 países signatários da convenção tentarão estabelecer uma meta de redução do ritmo de perda de espécies a ser alcançada até 2020. A União Europeia foi ao encontro disposta a propor uma meta rigorosa – que a perda da diversidade seja totalmente interrompida ao longo dos próximos dez anos. Deverá enfrentar forte oposição dos que querem um compromisso mais vago.
O pano de fundo da conferência, como sempre, será a necessidade de ajuda financeira aos países em desenvolvimento para que eles consigam conservar seus principais habitats. Como bem lembra o blog Ecocentric, da revista Time:
Cruzemos os dedos para que saia algum avanço deste angú de caroço.
P.S. – Dica de última hora: hoje o Pnuma está lançando, em Nagoya, o Protected Planet, um projeto que pretende reunir imagens e conhecimento sobre áreas protegidas de todo o planeta. É um mídia social com um quê de Wikipedia que recebe contribuições dos visitantes de 150 mil unidades de conservação. Os usuários do serviço têm a possibilidade de incluir fotos, vídeos e textos descritivos. A principal virtude desse modelo é permitir um rápido acúmulo de conhecimento para pesquisadores, estudantes, governos e ecoturistas. É muito promissor. O sistema abre a possibilidade, por exemplo, de se ter notícia de espécies praticamente extintas avistadas por algum cineasta amador.