Cresce o interesse dos turistas pela desgraça alheia. O chamado turismo de desastres tem levado visitantes às áreas devastadas pelo furacão Katrina, que arrasou a cidade norte-americana de New Orleans em 2005, ou às redondezas do vulcão Eyjafjallajökull, cuja erupção, em março, cobriu de fumaça os céus da Islândia. Excursões temáticas mostram casas destruidas e pilhas de cinzas, como lembrete da fragilidade humana.
O mercado mais promissor desse filão é Chernobyl, cidade ucraniana onde ocorreu o maior desastre ambiental produzido pela Humanidade, em 1986. O acidente nuclear deixou um saldo que inclui a morte de alguns funcionários da usina, o comprometimento da saúde da população local, uma cidade quase fantasma e radioatividade dispersa por vários países da antiga União Soviética.
No início de dezembro, o governo da Ucrânia divulgou que está desenvolvendo um plano para trazer grandes grupos de turistas para as redondezas do reator. Ele está de olho nos visitantes que virão a Kiev, a capital do país, en 2012, para a Copa Europeia de Futebol. Kiev fica a apenas 140 quilômetros de Chernobyl.
Yulia Yurshova, porta-voz do Ministério de Situações Emergenciais, declarou que os níveis de radiação da chamada zona de exclusão, num raio de 30 quilômetros em volta do reator, estão voltando à normalidade. Por isso, os visitantes poderão avistar a central nuclear e as casas e os prédios públicos abandonados no dia da explosão. No entanto, os tours terão que se ater às áreas aprovadas pelo governo, para evitarem riscos de desabamento ou exposição excessiva à radioatividade.
“A região de Chernobyl não é tão assustadora como todos acham”, disse Yurshova. “Queremos trabalhar com grandes operadoras de turismo e atrair turistas ocidentais, que representam uma grande demanda”. Ela diz que muitos tours, até agora ilegais, têm levado cerca de 6 mil turistas à cidade a cada ano. Eles pagam US$ 150 por um dia de passeio. Uma dessas viagens é descrita pelo repórter Jason Margolis, da Public Radio International e pode ser acompanhada nesta bela apresentação de slides narrada em inglês. Veja também este outro relato de uma visita à cidade.
Helen Clark, que administra o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, aplaudiu a decisão ucraniana. “Esta é uma boa oportunidade de contarmos esta história e o esforço de contá-la pode ser positivo de um ponto de vista econômico e passar uma mensagem importante – ainda que esta seja uma história triste”, disse Clark num comunicado, segundo artigo recente do Washington Post.
Qual a sua opinião a respeito? Esse tipo de turismo é mórbido ou educativo?