Os homossexuais são mais engajados na promoção da sustentabilidade e estão mais inclinados a apoiar a causa ambiental, sobretudo no momento de votar ou consumir. Pelo menos é o que indicam duas pesquisas de opinião recentes realizadas nos Estados Unidos.
A primeira delas foi feita pela Harris Interactive, que entrevistou 2.300 pessoas de diversas orientações sexuais em novembro. Ela verificou que cerca de 55% dos entrevistados LGBT e 33% dos heterossexuais declararam se preocupar com problemas ligados ao meio ambiente. A discrepância se mantém quando se trata de incorporar tais preocupações ao cotidiano. Quarenta e oito por cento dos homossexuais disseram que levam em conta a temática ambiental ao cogitar a compra de um produto. Além disso, 45% preferem votar em candidatos identificados com esses temas (contra 25% e 27% entre os heterossexuais, respectivamente). Gays também estariam mais interessados em trabalhar para empresas que respeitam o meio ambiente (25%, contra apenas 17% entre os heterossexuais).
Em 1999, uma pesquisa promovida online pela revista Echelon, dedicada aos negócios voltados ao público gay, já havia indicado resultados semelhantes: o número de gays que acreditavam que as mudanças climáticas já estavam acontecendo e que tinham assistido “Uma Verdade Inconveniente”, o premiado filme sobre este tema, era muito maior do que o de heterossexuais.
Como interpretar esses resultados? Por que essa fatia da população que, no seu conjunto, tem menos filhos que a média, é tão engajada?
Acho natural que alguém que já sofreu intolerância respeite os direitos e interesses coletivos. Aqui nos Estados Unidos – e provavelmente no resto do universo – militantes pelos direitos gays tendem a defender causas sociais mais arejadas e os direitos humanos. Também fogem dos rincões mais conservadores do espectro político.
Algumas empresas e não-governamentais já detectaram essa tendência e começaram a trabalhar nesse nicho. É o caso da Out for Sustainability (cujo nome poderia ser traduzido para Sustentabilidade Assumida). Essa organização de Seattle, na costa Oeste dos EUA, propõe que gays e lésbicas adotem estilos de vida de menor impacto. Gerod Rody, fundador da ONG, diz que embora muito ativos, os homossexuais nem sempre são visíveis no movimento ambientalista, que, segundo ele, passa a idéia de seus militantes são todos brancos, heterossexuais, urbano e de classe média. “O planeta é o nosso lar e tomar conta deixou de ser uma luta confinada a hippies heterossexuais”, declarou recentemente.
O público homo-ambiental também é servido pelo website Green and Gay, que levanta produtos que tenham dois diferenciais simultâneos: foram produzidos com baixo impacto ambiental e por empresas que respeitam os direitos dos homossexuais. Como dá para imaginar, a lista dos produtos que eles recomendam não é propriamente extensa. Mas já é um começo.