Se não pode vencê-lo, junte-se a ele. A população que vive às margens do lago Vitória, uma das nascentes do rio Nilo e maior corpo de água doce da África, não poderia adotar melhor lema. As suas águas representam o grosso da dieta local, mas estão altamente poluídas devido à proliferação de aguapés amazônicos, plantas flutuantes dotadas de belas flores rosas.
Considerado uma das piores espécies invasoras do meio aquático, o Eichhornia crassipes foi introduzido em dezenas de países graças à sua beleza. Agora, a espécie amazônica pavimenta as margens do Lago Vitória, aumenta a temperatura e retira o oxigênio das suas águas, bloqueia a passagem dos raios solares e atrapalha o trabalho dos pescadores. Os aguapés também abrigam cobras venenosas e vetores de várias doenças. Isso leva à redução da potabilidade da água do lago e à redução do volume de pesca.
Qual a solução? Uma comunidade de 5 mil quenianos que vivem à beira do lago está desenvolvendo um grande número de produtos a partir da planta. “O aguapé é, na realidade, uma excelente matéria-prima que pode sar origem a inúmeros produtos”, disse Shana Greene, diretora da Village Volunteers, uma não-governamental baseada em Seattle, nos Estados Unidos, e que forma parcerias com comunidades rurais de vários países. Em entrevista a um dos blogs do Worldwatch Institute, ela disse que a espécie invasora pode ser convertida em vários utensílios e móveis domésticos, combustível para fogões e fertilizante de qualidade. Artesãos locais têm, por exemplo, tecido as folhas e hastes da planta, que são bastante duras, para produzir cadeiras e cestas. “A invasão de agapés é um problema enorme”, diz Shana, “mas também está se tornando um negócio”.
O empreendimento está longe de eliminar o problema – a proliferação da espécie é muito rápida – mas já começou a melhorar a qualidade da água e a disponibilidade de peixes.
Quem se interessa por estratégias de combate às espécies invasoras pode ler mais a respeitos nestes dois posts do “De lá prá cá”, um meu e o outro da Flávia:
Contra espécies invasoras, garfo e faca
Um invasor que ajuda a conservar