Cada criança consome algo entre 5 mil e 8 mil fraldas nos seus dois ou três primeiros anos – tema que discuti longamente em A Guerra das Fraldas. É um lixo difícil de degradar (devido à presença de um grande volume de celulose), potencialmente insalubre e volumoso. Só nos Estados Unidos, elas representam mais de 3,5 milhões de toneladas de resíduos gerados anualmente.
Agora, a surpresa. Alethia Vázquez-Morillas, pesquisadora da Universidad Autónoma Metropolitana, da Cidade do México, acaba de concluir que o cogumelo-ostra (Pleurotus ostreatus), um fungo delicado, usado em molhos leves e risotos, é um ávido devorador de fraldas. Segundo relatado pela Economist, a pesquisa revelou que a espécie degrada 90% das fraldas em apenas dois meses. Em quatro meses, as fraldas haviam desaparecido. E o melhor – os cogumelos continuavam comestíveis e deliciosos, como atestou a própria cientista. “Eles são mais limpos do que qualquer vegetal que você encontra à venda num mercado, pelo menos no México”, declarou.
As mesmas enzimas usadas pelo cogumelo-ostra para desintegrar árvores podres parecem compatíveis com a composição das fraldas. A espécie não foi escolhida por acaso. Ela também é utilizada em outras formas de remediação, degradando resíduos agrícolas, como palha de trigo ou cevada, borras de café e os remanescentes de indústrias de tequila.
Vale lembrar, porém, que a pesquisadora optou por fraldas sujas com urina – não fezes – e esterilizou o material antes do início dos testes (coisa que dificultaria um processo comercial de reciclagem). Também é importante lembrar que cogumelos produzidos dessa forma talvez não encontrassem frequesia, enojada por sua origem. Ou será que encontrariam?
Veja este “comercial” (em inglês) produzido pelo humorístico Saturday Night Live para a Chewable Pampers, a fralda que dá um caldo.
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