Os últimos dias foram agitados para os partidários e os detratores da tecnologia de Captura e Estocagem de Carbono (CCS, na sigla em inglês), que muitos acreditam ser uma ferramenta poderosa de combate ao aquecimento global. A técnica extrai da atmosfera o gás carbônico emitido pela queima de carvão e outros combustíveis fósseis em termelétricas e indústrias. O gás é então injetado (e aprisionado) em formações geológicas profundas.
A CCS costuma dividir opiniões. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, a Comunidade Européia e o governo dos Estados Unidos emitiram no passado pareceres que consideravam a técnica muito promissora. Mas vários analistas, como o ex-vice-presidente Al Gore, duvidam que ela possa ganhar escala, dado o seu alto custo, ou temem que ela possa criar uma panela de pressão subterrânea que aumentaria a chance de tremores de terra. Além disso, um vazamento desse gás poderia ser letal para as comunidades vizinhas aos depósitos.
Tais temores levaram a Suprema Corte da Holanda a interditar, na semana passada, o projeto de CCS de Bergermeer, perto da cidade de Alkmaar, no Norte do país. A decisão busca evitar “consequências irreversíveis”, segundo o diário inglês The Guardian. A unidade, que havia obtido as licenças de operação devidas, foi projetada para estocar 4,1 milhões de metros cúbicos de CO2 num antigo poço exaurido de gás natural.
Artigo recente da agência de notícias Bloomberg/ Business Week sugere que a CCS também está fazendo água nos Estados Unidos. Ele cita projetos que estão sendo encerrados devido à instabilidade da economia (e os altos custos envolvidos) e as incertezas da política climática dos EUA. As empresas distribuidoras de energia e os consumidores também não têm demonstrado interesse em financiar este tipo de projeto piloto.
“Dois anos atrás foi o auge do otimismo”, declarou à Bloomberg Howard J. Herzog, pesquisador sênior da Massachusetts Institute of Technology Energy Initiative que vem acompanhando o tema. Mas agora, diz Herzog, sem a precificação do carbono e as dificuldades financeiras, “a cada duas semanas você ouve falar de um projeto que foi cancelado. Não é bonito de se ver”.
O governo norte-americano parece ter percebido essa mesma tendência. Em resposta, na semana passada, a EPA, a agência ambiental do país, anunciou que vai derrubar barreiras que dificultam a implantação de projetos de CCS nos EUA, por concluir que eles não representam um risco significativo para o meio ambiente e a população. Dentre outras medidas, a EPA retirou o CO2 estocado em poços profundos da lista de resíduos perigosos. Resta saber se isso vai injetar algum ânimo nos partidários da CCS.