Por Amália Safatle
Desde que os meninos deixaram a sala de aula pela última vez, há mais de 40 anos, o corpo da velha escola da vila abriu-se definitivamente aos sinais do tempo. Abandono, vai pensar a maioria.
Mas quem sabe tenha outros tipos de vida brotando lá, lançando raízes entre paredes e escadarias. A palavra é dignidade, posto que a seu modo conserva a memória cultural do passado, sem medo da transformação natural em curso.
Maria Zélia, morta por tuberculose quando adolescente, deu nome à primeira vila operária do Brasil – construída a partir de 1911 –, onde casas e escolas ergueram-se no bairro paulistano do Belenzinho. O trabalho moveu aquela gente.
Hoje, a história é diversificada. Tem senhoras com lembranças frescas, tem arquiteturas preservadas, outras que as negaram com traços modernos. A escola de meninos atrai gente como o fotógrafo Edson Luciano, empenhado em fazer do local um cenário de dança, que dê origem a livro ou exposição. Aí a energia daquela meninada vai virar música, luz e movimento.