Os Chicos
Em 2007, o fotógrafo Leo Drumond e o jornalista Gustavo Nolasco deram início ao projeto Os Chicos. Percorreram as margens do Rio São Francisco para um registro poético do “Rio da Integração Nacional” com apenas um pensamento: encontrar os Franciscos e Franciscas que ali vivem. Foram 58 cidades e comunidades ao longo dos 2,7 mil quilômetros de extensão, passando pelos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Nesse trabalho de pesquisa, entrevistaram e fotografaram os personagens que ajudam a mostrar a diversidade da cultura oral das margens do Velho Chico.
O projeto acabou por prestar uma homenagem ao rio, uma unidade múltipla, tal como as redes sociais que vemos hoje se configurarem, seja no universo cibernético, seja na Praça Tahrir (Cairo). “O objetivo principal era mostrar que o Chico de Petrolina, por exemplo, tem toda uma relação com o rio, uma cultura oral, folclores e histórias completamente diferentes de um Chico de Pirapora (a 1.371 quilômetros de distância), em Minas. Por outro lado, homenageamos os Chicos e Chicas, pois uma das poucas características comuns ao longo de todo o São Francisco é o orgulho de pais e mães ao batizarem seus filhos com o nome do rio”, explica o idealizador do projeto, Gustavo Nolasco.
Mas o que se vê e se lê nos dois caprichados volumes recém-lançados – um de fotografia e um de prosa – é mais que isso. Gustavo envolve-se de tal maneira com as histórias de Chicos e Chicas que criou uma linguagem emaranhada com a oralidade do ribeirinho, entrelaçando as histórias de cada um com a própria história do São Francisco. Como prefacia Fernando Morais, “com sensibilidade do poeta, soube fazer a mistura genial do rio com o que nele há de mais vivo, as pessoas que nele e dele vivem, por ele passaram para sobreviver ou só para matar o tempo, observar, pedir conselhos, rezar, contemplar. Aqui, neste magnífico livro, são água e gente, coisa que só à alma de poeta sabe ocorrer”.
No volume Os Chicos – Fotografia, as imagens de Leo Drumond, livres da lógica do tempo e do espaço, mergulham numa sequência do seu próprio olhar, oferecendo-nos uma leitura aberta, como toda arte deve ser.

América Latina Fala
O mercado audiovisual da América Latina está em destaque no mundo todo pelo número cada vez maior e diverso de obras. Da mesma maneira, o número de festivais e eventos dedicados ao segmento tem-se multiplicado. Tanto para realizadores como para produtores, público, patrocinadores ou simpatizantes de filmes e mostras, a organização e divulgação dessas informações é fundamental.
E foi o que norteou a criação do Guia Fala – Guia de Festivais Audiovisuais Latino- Americanos, formado por um grande banco de dados on-line, que reúne informações sobre mais de 550 festivais e mostras de cinema e vídeo de todos os países da América Latina. O site contém informações como locais dos eventos, data de realização, período de inscrições, temáticas, duração, perfil, formatos de obras aceitas. O site possibilita também a participação em fóruns de discussão e abre espaço para que os usuários contribuam com informações.
Bróder
Mais um filme de favela? Espera. O primeiro longa do cineasta paulistano Jeferson De vai adiante e é uma boa surpresa. Premiado nos festivais de Paulínia e Gramado e agora lançado em DVD, Bróder é, antes de um filme sobre a amizade. E com um personagem forte e quase onipresente: o Capão Redondo, bairro da periferia da Zona Sul de São Paulo. Três amigos nascidos no Capão, e com diferentes destinos, voltam a se encontrar para comemorar o aniversário do único deles que ainda mora por lá, Macu, brilhantemente interpretado por Caio Blat, o branco mais preto desta película. E a escolha não foi por acaso. Jeferson De realizou vários curtas antes deste projeto, sempre com apelo político. O realizador criou o Dogma Feijoada, um protesto contra a ausência de atores e cineastas negros na atual safra do audiovisual brasileiro, especialmente em papéis sem estigma – título em alusão a Dogma 95, dos dinamarqueses Lars von Trier e Thomas Vinterberg.