Na semana passada, falei aqui das dificuldades de se decidir sobre a forma mais sustentável de se secar as mãos num banheiro público – e como as indústrias torcem para que você tome uma decisão que lhes seja favorável. Não resisto a voltar à discussão sobre o ciclo-de-vida das mercadorias e as nossas escolhas cotidianas.
Diariamente, milhões de viajantes descartam barrinhas de sabão semi-novas (e mini-garrafas de xampú e creme rinse e uma série de outros mimos). Estima-se que 2,6 milhões dessas barras sejam jogadas fora todos os dias nos Estados Unidos. Esse fato não passou despercebido de Derreck Kayongo, que fugiu de Uganda quando o ditador Idi Amin estava no poder, para viver como refugiado no Quênia e, depois, nos Estados Unidos. Aqui, ele criou a não-governamental Global Soap Project, que coleta e funde esses sabonetes, que são convertidos em barras grandes. A entidade trabalha com mais de 300 hotéis e já despachou mais de 25 toneladas de sabão para campos de refugiados e outras comunidades muito pobres, expostas às doenças associadas à falta de higiene, do Haiti à Suazilândia.
Kayongo conta que, ao chegar aos EUA, nos anos 90, hospedou-se num hotel em Philadelphia. Todos os dias, um novo sabão aparecia no banheiro, mesmo que a barra anterior estivesse quase intacta. “Eu quis devolver o sabonete novo, porque achava que teria de pagar por ele. Quando me disseram que o hotel tinha por norma fazer essa reposição todos os dias, eu não podia acreditar”, declarou à rede de TV CNN.
A amplitude de seus projetos deverá aumentar consideravelmente: a rede Hilton de hotéis anunciou que vai investir US$ 1,3 milhões ao longo dos próximos três anos para aumentar a capacidade da entidade.
Qual a sua opinião sobre o projeto? Pessoalmente, acho interessantíssimo – o Global Soap Project tem o inegável mérito de levar higiene a comunidades onde ela é impossível.
Entretanto, gostaria de levantar dois problema: primeiro, como vimos no post sobre a Tom’s shoes, que doa calçados a cada par vendido, este tipo de ajuda pode estabelecer uma competição desleal contra os produtores locais de sapatos ou sabão; segundo, esta ação desvia a nossa atenção da solução ideal – não distribuir sabão, distribuir um único sabão para toda uma estadia ou desenvolver um modelo alternativo. Uns poucos hotéis têm um container para xampú na parede do box. Você pega apenas o quanto necessita e o resto fica lá, esperando pelo próximo hóspede. Será que não daria para fazer algo parecido com os sabonetes, adotando versões líquidas?
Kayongo, a Uganda native, thought of the idea in the early 1990s, when he first arrived to the U.S. and stayed at a hotel in Philadelphia, Pennsylvania. He noticed that his bathroom was replenished with new soap bars every day, even though they were only slightly used.
“I tried to return the new soap to the concierge since I thought they were charging me for it,” Kayongo said. “When I was told it was just hotel policy to provide new soap every day, I couldn’t believe it.”
Na semana passada, falei aqui das dificuldades de se decidir sobre a forma mais sustentável de se secar as mãos num banheiro público – e como as indústrias torcem para que você tome uma decisão que lhes seja favorável. Não resisto a voltar à discussão sobre o ciclo-de-vida das mercadorias e as nossas escolhas cotidianas.
Diariamente, milhões de viajantes descartam barrinhas de sabão semi-novas (e mini-garrafas de xampú e creme rinse e uma série de outros mimos). Estima-se que 2,6 milhões dessas barras sejam jogadas fora todos os dias nos Estados Unidos. Esse fato não passou despercebido de Derreck Kayongo, que fugiu de Uganda quando o ditador Idi Amin estava no poder, para viver como refugiado no Quênia e, depois, nos Estados Unidos. Aqui, ele criou a não-governamental Global Soap Project, que coleta e funde esses sabonetes, que são convertidos em barras grandes. A entidade trabalha com mais de 300 hotéis e já despachou mais de 25 toneladas de sabão para campos de refugiados e outras comunidades muito pobres, expostas às doenças associadas à falta de higiene, do Haiti à Suazilândia.
Kayongo conta que, ao chegar aos EUA, nos anos 90, hospedou-se num hotel em Philadelphia. Todos os dias, um novo sabão aparecia no banheiro, mesmo que a barra anterior estivesse quase intacta. “Eu quis devolver o sabonete novo, porque achava que teria de pagar por ele. Quando me disseram que o hotel tinha por norma fazer essa reposição todos os dias, eu não podia acreditar”, declarou à rede de TV CNN.
A amplitude de seus projetos deverá aumentar consideravelmente: a rede Hilton de hotéis anunciou que vai investir US$ 1,3 milhões ao longo dos próximos três anos para aumentar a capacidade da entidade.
Qual a sua opinião sobre o projeto? Pessoalmente, acho interessantíssimo – o Global Soap Project tem o inegável mérito de levar higiene a comunidades onde ela é impossível.
Entretanto, gostaria de levantar dois problema: primeiro, como vimos no post sobre a Tom’s shoes, que doa calçados a cada par vendido, este tipo de ajuda pode estabelecer uma competição desleal contra os produtores locais de sapatos ou sabão; segundo, esta ação desvia a nossa atenção da solução ideal – não distribuir sabão, distribuir um único sabão para toda uma estadia ou desenvolver um modelo alternativo. Uns poucos hotéis têm um container para xampú na parede do box. Você pega apenas o quanto necessita e o resto fica lá, esperando pelo próximo hóspede. Será que não daria para fazer algo parecido com os sabonetes, adotando versões líquidas?
Kayongo, a Uganda native, thought of the idea in the early 1990s, when he first arrived to the U.S. and stayed at a hotel in Philadelphia, Pennsylvania. He noticed that his bathroom was replenished with new soap bars every day, even though they were only slightly used.
“I tried to return the new soap to the concierge since I thought they were charging me for it,” Kayongo said. “When I was told it was just hotel policy to provide new soap every day, I couldn’t believe it.”