Participação da linha verde nas vendas da Philips Brasil cresce de 12% para 31% em um ano
A subsidiária brasileira da Philips está trabalhando intensamente para ampliar a participação de sua linha de “produtos verdes” no faturamento. Em 2011, a fatia dos verdes nas vendas ultrapassou a meta de 30%, cravando 31%. Foi um incremento substancial ante os 12% de 2010. Nas vendas globais da companhia holandesa, os verdes expandiram sua participação de 20% da receita de vendas em 2007 para 38% em 2010 (os dados de 2011 ainda não foram divulgados). Até 2015, a meta da companhia é ter 50% do valor das vendas no Brasil gerados pela linha verde.
Na política de sustentabilidade da Philips, o produto precisa ter desempenho ambiental no mínimo 10% melhor que modelos anteriores ou similares da concorrência para entrar na categoria de produtos verdes. A performance é medida nos quesitos de consumo de energia, reciclagem e descarte final, uso de substâncias tóxicas, peso e embalagem. No caso das lâmpadas, também é avaliado o tempo de vida útil. “De modo geral, nossos produtos verdes são auditados internacionalmente pela KPMG”, assinala Márcio Quintino, diretor de sustentabilidade da Philips Brasil.
Essa expansão deveu-se principalmente à inclusão de 50 itens na carteira de produtos verdes, que agora soma 500 nas três áreas de atuação da companhia – iluminação, produtos de consumo e saúde. Também colaborou com sua estratégia a criação no ano passado de uma área voltada para alavancar o ecodesign em produtos nacionais e importados. “As equipes de pesquisa e desenvolvimento nas áreas de saúde e produtos de consumo passaram a incorporar a análise de requisitos de produtos verdes como parte do processo usual de desenvolvimento”, relata Ricardo Mutuzoc, gerente-sênior de sustentabilidade da Philips Brasil.
Entre os produtos mais amigáveis ao meio ambiente, lançados recentemente no Brasil pela Philips, um dos mais econômicos é o telefone sem fio CD1701, que poupa 33% de energia elétrica na comparação com o modelo similar anterior, além de a embalagem ser mais leve por empregar menos papelão. O ferro de passar RI3620 proporciona redução de até 20% no consumo de energia por utilizar um sistema que diminui a produção de vapor quando o equipamento está parado. Há, ainda, o uso crescente de embalagens menos impactantes. Na fábrica da empresa em Manaus, o peso da embalagem de um Home Cinema foi diminuído em 40% em 2011. Diversos outros produtos fabricados na capital amazonense tiveram substituição de poliestireno expandido por polpa de papel reciclado.
Reconhecida mundialmente como uma das companhias mais atuantes no tema da sustentabilidade, a Philips, contudo, não é isenta de falhas nessa área. A reportagem de Página22 tentou, sem sucesso, agendar entrevistas com os responsáveis pela área de sustentabilidade no Brasil e na matriz holandesa ao longo de quase todo o mês de dezembro. No lugar de entrevista pessoal ou por telefone, recebeu um depoimento genérico de Mutuzoc por email. Parte das dúvidas relativas ao depoimento foi esclarecida em duas baterias de respostas a questões enviadas à empresa. O porta-voz da matriz não ofereceu nem mesmo a opção de envio de perguntas por email, segundo informou a assessoria de comunicação da Philips Brasil.
“Transparência é um aspecto central na política de sustentabilidade, o que envolve explicitar publicamente critérios utilizados para classificar produtos como verdes e manter canais ativos com os meios de comunicação”, comenta experiente consultor em sustentabilidade corporativa. “O tom declaratório ainda predomina na comunicação das grandes empresas sobre suas estratégias de sustentabilidade, o que também ocorre na Philips”, adiciona outro consultor.