Em vez de uma lista das pessoas mais ricas do mundo, como a publicada anualmente pela revista Forbes, uma lista das pessoas que mais enriquecem o mundo. Foi o que o Post-Growth Institute – um grupo internacional que explora caminhos para a prosperidade global que não dependem do crescimento econômico – decidiu elaborar, elencando indivíduos que contribuem para um futuro mais sustentável. O resultado foi publicado em março e os 100 nomes lista podem ser vistos aqui.
“Para nós, há formas adicionais de a ‘riqueza’, se manifestar, ser mensurada e celebrada”, escreveu o grupo em seu website. “As pessoas nessa lista representam riqueza que não pode ser definida em dólares”. O Post Growth Institute espera que a lista crie conversas e, com elas, alimente iniciativas existentes e novos esforços para construir realidades centradas na equidade social e na sustentabilidade ecológica.
O primeiro colocado na (En)Rich List é o economista alemão E. F. Schumacher, conhecido pela crítica às economias ocidentais, pelas propostas para uma economia mais humana e descentralizada e, principalmente, pelo livro Small is Beautiful: a study of economics as if people mattered, publicado em 1973. Schumacher é uma de várias figuras históricas incluídas na lista por terem ajudado a iniciar o debate sobre a sustentabilidade e os limites ao crescimento.
Em segundo lugar na lista aparece Herman Daly, um dos mais influentes economistas ecológicos e defensor da ideia de economias em estado estacionário (steady-state) desde os anos 70. Outros economistas incluído na lista são Peter Victor, Tim Jackson, Amartya Sen, Nicholas Georgescu-Roegen, Robert Costanza e Manfred Max-Neef. (Quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho de alguns deles, terá a oportunidade em uma conferência da Sociedade Internacional de Economistas Ecológicos que acontece no Rio de 12 a 19 de junho para discutir contribuições para a Rio+20.)
Há três brasileiros na lista: Paulo Freire em 39o lugar, Chico Whitaker, fundador do Fórum Social Mundial, em 62o, e Chico Mendes em 97o lugar.
O processo de elaborar a lista partiu de 300 nomes, levou 7 meses para chegar aos 100 escolhidos e envolveu a comunidade que apóia o Post Growth Institute em votações e apurações. O grupo reconhece que o resultado final revela as desequilíbrios geográficos e de gênero. “Apesar do aumento dramático da conectividade global, a diversidade de influências dos membros do Posto Growth Institute é compreensivelmente pequena. Esperamos que, com o tempo, ela evolua”.
Dos 100 nomes da lista, 32 são mulheres, contra 11 mulheres incluídas na lista da Forbes dos 100 mais ricos do mundo. Uma das razões é a inclusão de figuras históricas. Os homens, justifica o grupo, historicamente tiveram “óbvias vantagens em receber educação formal, publicar suas ideias e ser levados a sério como intelectuais”.
Da mesma forma, a maioria dos incluídos na lista são pessoas brancas, oriundas de países ocidentais. “Isso pode ser atribuído em grande parte ao fato de que pessoas que falam inglês, e que têm herança ocidental, recebem mais atenção por suas ideias e ações em escala global”.
O Instituto espera elaborar a lista anualmente e, no futuro, abrir as indicações e a votação ao público. O que não impede que pipoquem por aí listas das pessoas que contribuem para futuros mais sustentáveis localmente.
Se você tivesse que indicar nomes no Brasil, por exemplo, quais seriam?