Nem loja, nem camelô. Um novo tipo de comércio está se espalhando pelos terrenos baldios, praças e feiras livres das cidades do Hemisfério Norte. Restaurantes, butiques, brechós, cinemas e até laboratórios de análises estão sendo adaptados ao espaço exíguo de trailers, caminhões e ônibus, que são estacionados onde quer que haja demanda, geralmente com aprovação da prefeitura.
Olhados com desconfiança pelo comércio convencional, eles oferecem vantagens inegáveis aos empreendedores e à sociedade. Seu baixo custo de implantação ajuda a aquecer a economia local e viabiliza bens e serviços a preços mais baixos. A dispensa de infraestrutura permite criar uma zona comércial sem investimento público e em qualquer lugar. É um recurso que está sendo usado, inclusive, para humanizar certos bairros (vide meu post Urbanismo com as próprias mãos).
Lanchonetes em trailers não são novidade, claro. Qualquer cidade brasileira tem. Mas esta nova geração de serviços móveis está investindo em sofisticação e na redução de seus impactos. É o caso da Off-the-griddle, aqui de Portland, um trailer construído com materiais reciclados e coberto com painéis solares, que oferece refeições vegan. Outro exemplo é o Sol Cinema, uma sala de cinema sobre rodas capaz de acomodar oito adultos, que percorre cidades britânicas. Seus coletores solares alimentam um projetor com lâmpadas LED.
E as iniciativas não se limitam a empresas com fins lucrativos. A fábrica ambulante SparkTruck, criada por estudantes da Universidade de Stanford, vai a escolas ensinar as crianças a executar todo tipo de protótipo. Ela inclui duas impressoras 3D, equipamento de corte a laser, máquinas de costura e um forno de barro. Também carrega várias matérias-primas e ferramentas tradicionais, como martelos e tesouras. O projeto, que foi financiado via Kickstarter, está visitando escolas públicas em diversos estados americanos.
E a diversificação dos serviços prestados pelas unidades volantes começa a extrapolar. Um caminhão da empresa Who’s your Daddy? (nome dúbio, que pode significar “Quem é o seu pai?” e “Quem é o seu amorzinho?”) está percorrendo as ruas de Nova York oferecendo testes de paternidade com análise de DNA por US$ 350. O vídeo (em inglês) ao lado não me deixa mentir.
Exageros à parte, é um modelo que pode ter um impacto importante na vida das cidades. Impacto negativo se o comércio volante comprometer a sobrevivência do comércio convencional, descartar lixo e água servida na via pública ou voar abaixo do radar, desaparecendo do mapa quando seus credores vierem cobrar uma fatura. Impacto positivo se levar serviços onde eles não existem e ajudar a formalizar o trabalho de autônomos com espírito empreendedor mas pouco capital.[:en]
Nem loja, nem camelô. Um novo tipo de comércio está se espalhando pelos terrenos baldios, praças e feiras livres das cidades do Hemisfério Norte. Restaurantes, butiques, brechós, cinemas e até laboratórios de análises estão sendo adaptados ao espaço exíguo de trailers, caminhões e ônibus, que são estacionados onde quer que haja demanda, geralmente com aprovação da prefeitura.
Olhados com desconfiança pelo comércio convencional, eles oferecem vantagens inegáveis aos empreendedores e à sociedade. Seu baixo custo de implantação ajuda a aquecer a economia local e viabiliza bens e serviços a preços mais baixos. A dispensa de infraestrutura permite criar uma zona comércial sem investimento público e em qualquer lugar. É um recurso que está sendo usado, inclusive, para humanizar certos bairros (vide meu post Urbanismo com as próprias mãos).
Lanchonetes em trailers não são novidade, claro. Qualquer cidade brasileira tem. Mas esta nova geração de serviços móveis está investindo em sofisticação e na redução de seus impactos. É o caso da Off-the-griddle, aqui de Portland, um trailer construído com materiais reciclados e coberto com painéis solares, que oferece refeições vegan. Outro exemplo é o Sol Cinema, uma sala de cinema sobre rodas capaz de acomodar oito adultos, que percorre cidades britânicas. Seus coletores solares alimentam um projetor com lâmpadas LED.
E as iniciativas não se limitam a empresas com fins lucrativos. A fábrica ambulante SparkTruck, criada por estudantes da Universidade de Stanford, vai a escolas ensinar as crianças a executar todo tipo de protótipo. Ela inclui duas impressoras 3D, equipamento de corte a laser, máquinas de costura e um forno de barro. Também carrega várias matérias-primas e ferramentas tradicionais, como martelos e tesouras. O projeto, que foi financiado via Kickstarter, está visitando escolas públicas em diversos estados americanos.
E a diversificação dos serviços prestados pelas unidades volantes começa a extrapolar. Um caminhão da empresa Who’s your Daddy? (nome dúbio, que pode significar “Quem é o seu pai?” e “Quem é o seu amorzinho?”) está percorrendo as ruas de Nova York oferecendo testes de paternidade com análise de DNA por US$ 350. O vídeo (em inglês) ao lado não me deixa mentir.
Exageros à parte, é um modelo que pode ter um impacto importante na vida das cidades. Impacto negativo se o comércio volante comprometer a sobrevivência do comércio convencional, descartar lixo e água servida na via pública ou voar abaixo do radar, desaparecendo do mapa quando seus credores vierem cobrar uma fatura. Impacto positivo se levar serviços onde eles não existem e ajudar a formalizar o trabalho de autônomos com espírito empreendedor mas pouco capital.