A New York Magazine, rival light da bíblia intelectual The New Yorker, defendeu, neste domingo, a tese de que nenhum presidente americano desenvolveu políticas ambientais consistentes e transformadoras quanto Barack Obama. O leitorado caiu matando. “Obama – ou seria Obambi? – é um Republicano que pintou a cara de preto. Claro que ele vai aprovar o óleoduto Keystone [o controvertido projeto que deverá levar óleo do Canadá ao estado americano do Texas”, ironizou um. “Ele colocou nove pessoas que vieram da Monsanto em posições-chave para garantir que a empresa continue a fazer o que quiser. Fracking [fraturamento hidráulico de rochas para extração de gás], oleodutos, derramamentos de petróleo estão fora de controle. Você deve estar brincando, eu poderia ficar aqui falando por horas. Pena que não posso pegar meu voto de volta!”, reclamou outro.
Alguns leitores concordaram com o autor, Jonathan Chait, mas a maioria defendeu a posição de que Obama é fraco e não consegue enfrentar as barreiras impostas por lobistas e republicanos – ou, pior, que é um sujeito entreguista. Eles refletiram críticas frequentes do ex-vice presidente Al Gore, político que ficou marcado, para o bem e o mal, como o grande arauto dos riscos do aquecimento global. Para Gore, a eleição de Obama veio acompanhada pela esperança de que muita coisa mudaria. “Algumas mudaram, outras não”, disse Gore à revista Rolling Stone em 2011. “A política climática, infelizmente, faz parte do segundo grupo”.
O artigo da New York magazine diz que Al Gore fez uma avaliação incorreta e sai na defesa de Obama, dizendo que o presidente não recebe crédito por vários sucessos importantes na luta contra as mudanças climáticas e a promoção de alternativas energéticas renováveis. Logo no princípio do seu primeiro mandato ele aprovou um pacote de US$ 90 bilhões para o estímulo às alternativas e racionalização do consumo de energia. Ele também assinou uma série de normas regulatórias efetivas e discretas, como a que elevou em 83% no padrão mínimo de eficiência dos automóveis. Em consequência direta, desde o início do seu governo, o país diminuiu em 12% suas emissões de carbono (claro, a crise tem parte da responsabilidade).
O que os americanos mais engajados na causa ambiental, inclusive Al Gore e os autores dos comentários registrados acima, queriam é que Obama tomasse medidas heróicas, retumbantes e com ampla repercussão na mídia. Também queriam que ele mudasse radicalmente o status quo.
Ele preferiu ir comendo pelas bordas, marcando presença ora discretamente, num golpe de caneta, ora simbolicamente, como quando incluiu a questão climática no discurso anual State of the Nation, em meados de fevereiro (o presidente já havia prometido comprometimento com a causa no seu segundo discurso de posse, três semanas antes). Não é o suficiente para colocar os Estados Unidos no mapa dos grandes paladinos da causa ambiental, mas é muito mais do que fizeram seus antecessores, sobretudo tendo em vista o contexto desta presidência, que se digladia diariamente com os republicanos e a arrastada crise financeira.[:en]
A New York Magazine, rival light da bíblia intelectual The New Yorker, defendeu, neste domingo, a tese de que nenhum presidente americano desenvolveu políticas ambientais consistentes e transformadoras quanto Barack Obama. O leitorado caiu matando. “Obama – ou seria Obambi? – é um Republicano que pintou a cara de preto. Claro que ele vai aprovar o óleoduto Keystone [o controvertido projeto que deverá levar óleo do Canadá ao estado americano do Texas”, ironizou um. “Ele colocou nove pessoas que vieram da Monsanto em posições-chave para garantir que a empresa continue a fazer o que quiser. Fracking [fraturamento hidráulico de rochas para extração de gás], oleodutos, derramamentos de petróleo estão fora de controle. Você deve estar brincando, eu poderia ficar aqui falando por horas. Pena que não posso pegar meu voto de volta!”, reclamou outro.
Alguns leitores concordaram com o autor, Jonathan Chait, mas a maioria defendeu a posição de que Obama é fraco e não consegue enfrentar as barreiras impostas por lobistas e republicanos – ou, pior, que é um sujeito entreguista. Eles refletiram críticas frequentes do ex-vice presidente Al Gore, político que ficou marcado, para o bem e o mal, como o grande arauto dos riscos do aquecimento global. Para Gore, a eleição de Obama veio acompanhada pela esperança de que muita coisa mudaria. “Algumas mudaram, outras não”, disse Gore à revista Rolling Stone em 2011. “A política climática, infelizmente, faz parte do segundo grupo”.
O artigo da New York magazine diz que Al Gore fez uma avaliação incorreta e sai na defesa de Obama, dizendo que o presidente não recebe crédito por vários sucessos importantes na luta contra as mudanças climáticas e a promoção de alternativas energéticas renováveis. Logo no princípio do seu primeiro mandato ele aprovou um pacote de US$ 90 bilhões para o estímulo às alternativas e racionalização do consumo de energia. Ele também assinou uma série de normas regulatórias efetivas e discretas, como a que elevou em 83% no padrão mínimo de eficiência dos automóveis. Em consequência direta, desde o início do seu governo, o país diminuiu em 12% suas emissões de carbono (claro, a crise tem parte da responsabilidade).
O que os americanos mais engajados na causa ambiental, inclusive Al Gore e os autores dos comentários registrados acima, queriam é que Obama tomasse medidas heróicas, retumbantes e com ampla repercussão na mídia. Também queriam que ele mudasse radicalmente o status quo.
Ele preferiu ir comendo pelas bordas, marcando presença ora discretamente, num golpe de caneta, ora simbolicamente, como quando incluiu a questão climática no discurso anual State of the Nation, em meados de fevereiro (o presidente já havia prometido comprometimento com a causa no seu segundo discurso de posse, três semanas antes). Não é o suficiente para colocar os Estados Unidos no mapa dos grandes paladinos da causa ambiental, mas é muito mais do que fizeram seus antecessores, sobretudo tendo em vista o contexto desta presidência, que se digladia diariamente com os republicanos e a arrastada crise financeira.