Quem circula pelo elegante lobby do Center for Health & Healing, uma torre de 16 andares que abriga o principal complexo médico de Portland, na Costa Oeste dos Estados Unidos, não se dá conta de que este é um dos prédios mais sustentáveis já construídos. Não dá para sentir o cheiro da estação de tratamento de esgotos instalada no subsolo, em meio às garagens. Nem é possível imaginar que o conforto térmico dispensa sistemas de condicionamento de ar convencionais e que o edifício consome 61% menos energia e 50% menos água que os limites impostos pela legislação estadual. Construída como uma extensão da única escola de medicina local, a Oregon Health and Science University, a torre é apenas o máximo em termos de arquitetura econômica, inteligente e de baixo impacto.
Seus 37 mil metros quadrados abrigam consultórios, salas para pequenas cirurgias, laboratórios, centro de pesquisa e projetos educacionais. O prédio também tem um spa, piscinas aquecidas e academia de ginástica voltadas para a fisioterapia. No térreo há um café, uma ótica e uma farmácia. As vagas de garagem são distribuídas entre os três andares subterrâneos, abaixo do nível do freático – embora parte considerável dos usuários desloque-se de bonde ou por um teleférico que conduz ao prédio principal do hospital.
O imóvel foi construído em 2006 graças a uma parceria público-privada fomentada pela prefeitura, que queria adensar a área, até então um descampado com solo contaminado por um estaleiro hoje desativado, à beira do rio Willamette, próximo à região central. Para que os empreendedores conseguissem uma série de incentivos fiscais, teriam de minimizar a pegada do projeto e obter um certificado LEED, que atesta excelência arquitetural quanto ao consumo de recursos naturais. O centro conseguiu obter o LEED de platina – o mais exigente e raro concedido pelo US Green Building Council. Foi o primeiro estabelecimento médico de porte a obtê-lo.
A lista de inovações que garantiram a certificação é enorme e cobre praticamente todos os aspectos da vida do edifício. A começar pela estação de tratamento que depura os 113 metros cúbicos de esgotos gerados diariamente. Instalada no subsolo, junto às garagens, ela utiliza um biorreator com membrana, nova tecnologia que mescla tratamento biológico e filtragem, e que demanda pouquíssimo espaço. O resultado é um efluente quase transparente e inodoro que é reaproveitado na irrigação dos jardins cultivados no telhado, na descarga dos toaletes e no sistema de resfriamento radiante – tubulações sob o solo que regulam a temperatura dos ambientes. Graças à captação da água da chuva e esse modelo de recirculação, o centro médico consome 56% do volume d’água autorizado pela prefeitura.
O projeto, que custou US$ 145 milhões, também inclui um sistema de aquecimento solar passivo e painéis fotovoltaicos instalados sobre toldos que recobrem todas as janelas – eles controlam a insolação e geram 66 mil quilowatts-hora anuais, 1% da energia consumida pelo edificio, que também tem cinco microturbinas a gás natural (responsáveis por 30% de suas necessidades energéticas). O calor excedente gerado pelas turbinas ajuda a aquecer as piscinas.
Com tudo isso, é interessante que os equipamentos mecânicos e elétricos e o encanamento acabaram custando 10% menos do que os US$ 30 milhões estimados para um imóvel similar convencional. Vale a pena dar uma olhada no video ao lado, para sentir um gostinho de futuro, que eu tive ao visitar o edifício, a convite do prefeito de Jaraguá do Sul, Dieter Janssen, que visitou Portland na semana passada com uma comitiva interessada em conhecer o modelo de administração pública e as soluções na área de sustentabilidade desenvolvidas pela cidade.[:en]
Quem circula pelo elegante lobby do Center for Health & Healing, uma torre de 16 andares que abriga o principal complexo médico de Portland, na Costa Oeste dos Estados Unidos, não se dá conta de que este é um dos prédios mais sustentáveis já construídos. Não dá para sentir o cheiro da estação de tratamento de esgotos instalada no subsolo, em meio às garagens. Nem é possível imaginar que o conforto térmico dispensa sistemas de condicionamento de ar convencionais e que o edifício consome 61% menos energia e 50% menos água que os limites impostos pela legislação estadual. Construída como uma extensão da única escola de medicina local, a Oregon Health and Science University, a torre é apenas o máximo em termos de arquitetura econômica, inteligente e de baixo impacto.
Seus 37 mil metros quadrados abrigam consultórios, salas para pequenas cirurgias, laboratórios, centro de pesquisa e projetos educacionais. O prédio também tem um spa, piscinas aquecidas e academia de ginástica voltadas para a fisioterapia. No térreo há um café, uma ótica e uma farmácia. As vagas de garagem são distribuídas entre os três andares subterrâneos, abaixo do nível do freático – embora parte considerável dos usuários desloque-se de bonde ou por um teleférico que conduz ao prédio principal do hospital.
O imóvel foi construído em 2006 graças a uma parceria público-privada fomentada pela prefeitura, que queria adensar a área, até então um descampado com solo contaminado por um estaleiro hoje desativado, à beira do rio Willamette, próximo à região central. Para que os empreendedores conseguissem uma série de incentivos fiscais, teriam de minimizar a pegada do projeto e obter um certificado LEED, que atesta excelência arquitetural quanto ao consumo de recursos naturais. O centro conseguiu obter o LEED de platina – o mais exigente e raro concedido pelo US Green Building Council. Foi o primeiro estabelecimento médico de porte a obtê-lo.
A lista de inovações que garantiram a certificação é enorme e cobre praticamente todos os aspectos da vida do edifício. A começar pela estação de tratamento que depura os 113 metros cúbicos de esgotos gerados diariamente. Instalada no subsolo, junto às garagens, ela utiliza um biorreator com membrana, nova tecnologia que mescla tratamento biológico e filtragem, e que demanda pouquíssimo espaço. O resultado é um efluente quase transparente e inodoro que é reaproveitado na irrigação dos jardins cultivados no telhado, na descarga dos toaletes e no sistema de resfriamento radiante – tubulações sob o solo que regulam a temperatura dos ambientes. Graças à captação da água da chuva e esse modelo de recirculação, o centro médico consome 56% do volume d’água autorizado pela prefeitura.
O projeto, que custou US$ 145 milhões, também inclui um sistema de aquecimento solar passivo e painéis fotovoltaicos instalados sobre toldos que recobrem todas as janelas – eles controlam a insolação e geram 66 mil quilowatts-hora anuais, 1% da energia consumida pelo edificio, que também tem cinco microturbinas a gás natural (responsáveis por 30% de suas necessidades energéticas). O calor excedente gerado pelas turbinas ajuda a aquecer as piscinas.
Com tudo isso, é interessante que os equipamentos mecânicos e elétricos e o encanamento acabaram custando 10% menos do que os US$ 30 milhões estimados para um imóvel similar convencional. Vale a pena dar uma olhada no video ao lado, para sentir um gostinho de futuro, que eu tive ao visitar o edifício, a convite do prefeito de Jaraguá do Sul, Dieter Janssen, que visitou Portland na semana passada com uma comitiva interessada em conhecer o modelo de administração pública e as soluções na área de sustentabilidade desenvolvidas pela cidade.