Reações comuns a notícias sobre as mudanças climáticas e seus efeitos são enfado, angústia e talvez raiva. Em geral tais notícias vêm acompanhadas de gráficos mostrando o aumento das temperaturas globais, a frequência de eventos climáticos extremos ou ainda o colapso de diversos ecossistemas.
Para evitar a racionalização do tema e invocar outras reações, há quem prefira deixar os gráficos de lado e usar a música para contar a história.
O estudante de graduação da Universidade de Minnesota Daniel Crawford, sob a orientação do professor Scott St. George, usou dados sobre a temperatura da superfície terrestre coletados pelo Goddard Institute of Space Studies da Nasa para compor uma “canção para nosso planeta em aquecimento” – (vídeo ao lado).
A nota mais baixa no violoncelo de Crawford representa 1909, o ano mais frio da série de dados e cada nota representa um ano de 1880 a 2012. Notas mais baixas equivalem aos anos mais frios, notas altas expressam os anos mais quentes.
Com cerca de dois minutos de duração, a composição de Crawford transforma em música as variações de temperatura sobre a Terra. O resultado não é muito melodioso, mas é impossível ignorar as notas cada vez mais altas à medida que ele se aproxima do fim, ou seja, dos dias atuais.
Se o aquecimento previsto pelos cientistas para as próximas décadas, de 1.8 grau Celsius, fosse incorporado à composição, as notas correspondentes estariam além da capacidade auditiva humana, informa o vídeo produzido pela revista Ensia sobre o projeto de Crawford.
Ele não está sozinho em usar a arte para tentar sensibilizar as pessoas sobre a mudança em nosso planeta.
A artista australiana Natalie Jeremijenko faz instalações em Nova York, onde mora e ensina arte visual, com o intuito de tirar o discurso ecológico da linguagem de interdição: consumir menos, reduzir, suprimir. “Muito do meu trabalho tem a ver com uma crise de ação – o que podemos fazer?”, disse ela ao The New York Times.
Um de seus projetos, Arquitetura Anfíbia, tentou conectar os nova-iorquinos com o East River ao destacar que a água não só aumenta o valor das propriedades ao redor mas é, na verdade, um habitat diverso e cheio de vida.
Aqui em Perth, a coreógrafa Aimee Smith recentemente trouxe para o palco do principal teatro da cidade o espetáculo Wintering, composto a partir de sua viagem ao Ártico. “Fui lá com a noção de fazer trabalho político sobre a mudança climática, mas fiquei tão tocada emocionalmente pela paisagem e minha experiência nela que acabei mudando completamente”.
O espetáculo não focou na política do tema da mudança climática, mas na exposição da inquietante, sutil e emocional natureza que carregamos dentro de nós. “A arte é uma maneira bonita para que nós humanos encontremos sentido no mundo em que vivemos”, disse Aimee.