Livro
(1) Sei que meus hábitos, como usar um SUV (carro com alto consumo de combustível), são danosos ao meio ambiente. (2) Sei que mais cedo ou mais tarde as consequências se voltarão contra mim e os meus. (3) Mesmo assim, em pouco ou nada modifico meus hábitos de consumo. Este paradoxo já exposto pelo sociólogo Anthony Giddens é reapresentado por Humberto Mariotti em sua mais nova obra, Complexidade e Sustentabilidade (Ed. Atlas), para exemplificar que não há como acreditar em soluções simplistas ou lineares, baseadas no raciocínio binário. Longe disso, uma rede de conexões de alta imprevisibilidade e risco, para além de qualquer planejamento, é o cenário com que devemos trabalhar.
O autor, que fundou e coordena o Centro de Estudos de Gestão da Complexidade da Business School São Paulo, propõe que a sustentabilidade seja compreendida pela ótica do pensamento complexo, capaz de considerar os paradoxos e lidar com eles, em vez de negá-los. Mariotti cita com um paradoxo bem representativo a busca de crescimento econômico que se pretende infinito em um planeta de recursos naturais finitos.
O professor faz uma crítica da visão quantitativa e instrumental que muitos têm hoje da sustentabilidade, que em geral não leva em conta a natureza humana, ou ao menos não a considera para além de seus aspectos superficiais. Para ele, ainda levará tempo para as pessoas perceberem que complexidade e sustentabilidade são conceitos relacionados.