Após admitir sua responsabilidade pela explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 2010, a British Petroleum foi multada no valor recorde de US$ 4,5 bilhões e gastou mais de US$ 25 bilhões com indenizações a vítimas e a limpeza das águas do Golfo do México. E o seu prejuízo não para de crescer.
No final do ano passado, o governo americano decidiu proibir que os órgãos federais adquirissem combustíveis e serviços fornecidos pela British Petroleum. Quando a Agência Ambiental Americana (EPA) anunciou a decisão, explicou que ela se devia à “falta de integridade nos negócios” da indústria petrolífera, que havia acabado de assumir extrajudicialmente a responsabilidade por 14 irregularidades associadas ao maior derramamento de petróleo da história dos Estados Unidos. O acidente teve um saldo de 11 mortos – todos trabalhadores da plataforma -, o vazamento de 4,7 milhões de barris de óleo e o comprometimento do litoral de cinco estados. Diante desse quadro, a EPA decidiu que só removeria o seu veto quando a BP comprovasse estar em conformidade com as normas federais de segurança e meio ambiente.
A empresa foi barrada em leilões de exploração de novos poços e impedida de vender combustíveis para clientes importantes, como o Exército. Só este ano, ela perdeu a oportunidade de participar de concorrências para fornecimento de combustíveis na casa de US$ 1,9 bilhões (mas negócios fechados antes do boicote da EPA, na faixa de US$ 1,34 bilhões este ano, continuam válidos). Diante do prejuízo, a British Petroleum resolveu reagir – ontem, ela entrou com um processo contra a agência ambiental para que o órgão retire seu veto. A empresa deu entrada em uma ação num tribunal de Houston, no Texas, coração da indústria do petróleo do EUA, em que classifica a decisão da agência ambiental de arbitrária e abusiva. Na ação, a empresa declara que não esperava que o veto durasse tanto, uma vez que o processo criminal já foi encerrado e que ela tem mantido diálogo com a agência ambiental para que possa ajustar sua conduta.
A Business Week faz uma leitura interessante desse episódio ao informar que a BP foi obrigada a se desviar de seu core business e está se transformando num gigantesco escritório de advocacia para lidar com a miríade de ações legais decorrentes do acidente com a Deepwater Horizon. A revista lamenta o que considera um rigor excessivo contra a gigante do petróleo e um artifício de advogados para estender o litígio e ganhar dinheiro. Mas o que o articulista não vê é que os governos começam a enfrentar de frente os crimes ambientais de grande visibilidade, trocando a política da vista grossa pela Lei de Talião. É uma tendência que ainda levará muito tempo para se consolidar. Mas chegaremos lá.[:en]
Após admitir sua responsabilidade pela explosão da plataforma Deepwater Horizon, em 2010, a British Petroleum foi multada no valor recorde de US$ 4,5 bilhões e gastou mais de US$ 25 bilhões com indenizações a vítimas e a limpeza das águas do Golfo do México. E o seu prejuízo não para de crescer.
No final do ano passado, o governo americano decidiu proibir que os órgãos federais adquirissem combustíveis e serviços fornecidos pela British Petroleum. Quando a Agência Ambiental Americana (EPA) anunciou a decisão, explicou que ela se devia à “falta de integridade nos negócios” da indústria petrolífera, que havia acabado de assumir extrajudicialmente a responsabilidade por 14 irregularidades associadas ao maior derramamento de petróleo da história dos Estados Unidos. O acidente teve um saldo de 11 mortos – todos trabalhadores da plataforma -, o vazamento de 4,7 milhões de barris de óleo e o comprometimento do litoral de cinco estados. Diante desse quadro, a EPA decidiu que só removeria o seu veto quando a BP comprovasse estar em conformidade com as normas federais de segurança e meio ambiente.
A empresa foi barrada em leilões de exploração de novos poços e impedida de vender combustíveis para clientes importantes, como o Exército. Só este ano, ela perdeu a oportunidade de participar de concorrências para fornecimento de combustíveis na casa de US$ 1,9 bilhões (mas negócios fechados antes do boicote da EPA, na faixa de US$ 1,34 bilhões este ano, continuam válidos). Diante do prejuízo, a British Petroleum resolveu reagir – ontem, ela entrou com um processo contra a agência ambiental para que o órgão retire seu veto. A empresa deu entrada em uma ação num tribunal de Houston, no Texas, coração da indústria do petróleo do EUA, em que classifica a decisão da agência ambiental de arbitrária e abusiva. Na ação, a empresa declara que não esperava que o veto durasse tanto, uma vez que o processo criminal já foi encerrado e que ela tem mantido diálogo com a agência ambiental para que possa ajustar sua conduta.
A Business Week faz uma leitura interessante desse episódio ao informar que a BP foi obrigada a se desviar de seu core business e está se transformando num gigantesco escritório de advocacia para lidar com a miríade de ações legais decorrentes do acidente com a Deepwater Horizon. A revista lamenta o que considera um rigor excessivo contra a gigante do petróleo e um artifício de advogados para estender o litígio e ganhar dinheiro. Mas o que o articulista não vê é que os governos começam a enfrentar de frente os crimes ambientais de grande visibilidade, trocando a política da vista grossa pela Lei de Talião. É uma tendência que ainda levará muito tempo para se consolidar. Mas chegaremos lá.