Rascal, um adorável guaxinim órfão adotado por um garoto, foi tema de livro, filme da Disney e um anime que bombou no Japão nos anos 70. Na época, crianças e adolescentes japoneses desenvolveram um desejo incontrolável de comprar qualquer coisa associada ao ícone pop. No auge da moda, o país estava importando 1.500 guaxinims ao ano dos Estados Unidos como animais de estimação. As consequências foram desastrosas. A maioria não se adaptou ao cativeiro e acabou fugindo, crescendo e multiplicando. Hoje, a presença dessa espécie exótica representa perdas para a agricultura, ameaça a templos milenares e risco para a fauna local.
O problema é que guaxinins são adoráveis e fofinhos enquanto filhotes, mas tornam-se indomáveis, agressivos e destrutivos ao fim da puberdade. O livro que conta a história de Rascal, publicado em 1963, baseia-se nas memórias de infância de Sterling North no estado americano do Wisconsin. North descreve como foi obrigado a levar seu amigo de volta para a floresta depois que seus ataques a lavouras e galinheiros criaram inimizadas em toda a vizinhança. Os japoneses preferiram ignorar esse detalhe. Quando o governo resolveu proibir sua importação e adoção como mascote, já era tarde.
Há poucos levantamentos nacionais dos danos causados pelos guaxinins, mas um estudo de 2006 estimava que as perdas nas lavouras de milho, melão, morango e arroz eram da ordem de 164 milhões de ienes anuais (provavelmente uns US$ 2 milhões em valores atualizados) – cinco vezes mais do que o registrado dois anos antes. Mas a população da espécie e os danos provavelmente cresceram desde então.
Nas cidades, eles buscam abrigo em sótãos de casas, e nas estruturas centenárias ou milenares de templos budistas e xintoistas. As histórias de construções históricas que têm seus pilares de madeira roídos pelos guaxinims têm se multiplicado (veja um exemplo no belo documentário ao lado, em inglês).
Os guaxinins também estão comprometendo diversas espécies locais, como o tanuki ou cão-guaxinim, um canídeo local, com o qual disputam alimento e território, e inúmeras espécies que servem de alimento ao mascote convertido em predador, inclusive roedores endêmicos, cobras, rãs, libélulas, borboletas e camarões. Os guaxinims também têm ameaçado o lagostim japonês e a salamandra de Tóquio, espécies consideradas particularmente vulneráveis.
O governo japonês tem tentado reduzir a população de guaxinins, estabelecendo quotas anuais de animais a serem capturados e eliminados em determinadas regiões, mas tem enfrentado uma opinião pública dividida a respeito dessa medida. Rascal, o adorável guaxinim de desenho animado, ainda persiste forte no imaginário popular.[:en]
Rascal, um adorável guaxinim órfão adotado por um garoto, foi tema de livro, filme da Disney e um anime que bombou no Japão nos anos 70. Na época, crianças e adolescentes japoneses desenvolveram um desejo incontrolável de comprar qualquer coisa associada ao ícone pop. No auge da moda, o país estava importando 1.500 guaxinims ao ano dos Estados Unidos como animais de estimação. As consequências foram desastrosas. A maioria não se adaptou ao cativeiro e acabou fugindo, crescendo e multiplicando. Hoje, a presença dessa espécie exótica representa perdas para a agricultura, ameaça a templos milenares e risco para a fauna local.
O problema é que guaxinins são adoráveis e fofinhos enquanto filhotes, mas tornam-se indomáveis, agressivos e destrutivos ao fim da puberdade. O livro que conta a história de Rascal, publicado em 1963, baseia-se nas memórias de infância de Sterling North no estado americano do Wisconsin. North descreve como foi obrigado a levar seu amigo de volta para a floresta depois que seus ataques a lavouras e galinheiros criaram inimizadas em toda a vizinhança. Os japoneses preferiram ignorar esse detalhe. Quando o governo resolveu proibir sua importação e adoção como mascote, já era tarde.
Há poucos levantamentos nacionais dos danos causados pelos guaxinins, mas um estudo de 2006 estimava que as perdas nas lavouras de milho, melão, morango e arroz eram da ordem de 164 milhões de ienes anuais (provavelmente uns US$ 2 milhões em valores atualizados) – cinco vezes mais do que o registrado dois anos antes. Mas a população da espécie e os danos provavelmente cresceram desde então.
Nas cidades, eles buscam abrigo em sótãos de casas, e nas estruturas centenárias ou milenares de templos budistas e xintoistas. As histórias de construções históricas que têm seus pilares de madeira roídos pelos guaxinims têm se multiplicado (veja um exemplo no belo documentário ao lado, em inglês).
Os guaxinins também estão comprometendo diversas espécies locais, como o tanuki ou cão-guaxinim, um canídeo local, com o qual disputam alimento e território, e inúmeras espécies que servem de alimento ao mascote convertido em predador, inclusive roedores endêmicos, cobras, rãs, libélulas, borboletas e camarões. Os guaxinims também têm ameaçado o lagostim japonês e a salamandra de Tóquio, espécies consideradas particularmente vulneráveis.
O governo japonês tem tentado reduzir a população de guaxinins, estabelecendo quotas anuais de animais a serem capturados e eliminados em determinadas regiões, mas tem enfrentado uma opinião pública dividida a respeito dessa medida. Rascal, o adorável guaxinim de desenho animado, ainda persiste forte no imaginário popular.