A impressão de objetos plásticos ou metálicos em três dimensões é a típica tecnologia disruptiva – uma inovação capaz de estabelecer um novo paradigma no mercado. Num primeiro momento, é possível antever alguns impactos negativos da sua adoção, sobretudo uma possível redução do número de empregos na indústria de bens de consumo. Mas, se bem empregada, a nova tecnologia poderia ter vantagens importantes de um ponto de vista ambiental:
1 – Ela vai revolucionar a forma como consumimos – A impressão 3D permite produzir objetos no mesmo local onde eles serão consumidos, favorecendo um modelo de faça-você-mesmo e reduzindo a presença de intermediários, à semelhança do que ocorreu com a indústria da música, que viu os CDs serem engolidos pelos downloads digitais.
2 – Ela vai reduzir os desperdícios. As perdas de material não são zero, mas alguns modelos de impressoras 3D efetivamente permitem diminuir o desperdício na manufatura.
3 – Ela vai criar novas possibilidades de reciclagem. Um grupo de alunos da University of Washington está desenvolvendo um equipamento capaz de reutilizar resíduos plásticos, mesmo que não estejam perfeitamente limpos, na impressão de componentes de sistemas para coleta de água pluvial e unidades de latrinas com um componente de compostagem. O projeto está sendo liderado por Matthew Rogge, um aluno de pós-doutorado em engenharia mecânica que trabalhou durante anos em projetos de construção de sistemas de irrigação em Gana, no Panamá e na Bolívia. E, no Togo, oeste da África, Kodjo Afate Gnikou inventou um modelo de impressora 3D feita com entulho eletrônico, o que lhe garantiu um prêmio de inovação dado pela Nasa, a agência ambiental americana (que estuda enviar esse tipo de equipamento para o espaço, reduzindo o volume de cargas a transportar a bordo de suas espaçonaves). O vídeo ao lado detalha este projeto impressionante.
4 – Ela vai reduzir as importações. O barateamento da produção de protótipos e de objetos sólidos de plástico e metal dispensará a terceirização que intensificou as importações da Ásia e a consequente transferência de empregos. Conteineres plásticos, brinquedos, garrafas – todos poderão ser fabricados em casa ou na gráfica 3D da esquina.
5 – Elas facilitam a vida de cientistas e conservacionistas. A CSIRO, uma empresa de tecnologia americana, está imprimindo marcadores de titânio para rastrear a circulação de atuns e tubarões. A impressão de modelos de inúmeros designs pode ser feita de um dia para o outro de modo que os marcadores possam ser entregues rapidamente aos pesquisadores encarregados de marcas os peixes. Outro exemplo: um grupo de designers de Bahrein e da Austrália está imprimindo recifes artificiais de arenito que sirvam de substrato para corais. Conhecido como Reef Arabia, o grupo está depositando estas estruturas na costa do Golfo Pérsico, onde a sobrepesca comprometeu a vida marinha. Depois de submergir mais de 3 mil estruturas de concreto, os designers concluíram que precisavam de um modelo que pudesse ser replicado rápido e que fosse mais próximo a uma rocha natural. O vídeo ao lado, em inglês, mostra como o grupo trabalha.
Nem todos estão convencidos das vantagens ambientais da impressão 3D – como mostra debate recente no fórum Verge de tecnologia e sustentalidade promovido em San Francisco. Um exemplo das restricões à nova tecnologia é que os produtos plásticos gerados não vêm com um código que indica como eles deveriam ser separados para reciclagem. Ainda é cedo para ver os desdobramento dessa tecnologia, mas sua expansão está sendo tão rápida que muito em breve seus impactos, positivos ou não, ganharão visibilidade na grande mídia.
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A impressão de objetos plásticos ou metálicos em três dimensões é a típica tecnologia disruptiva – uma inovação capaz de estabelecer um novo paradigma no mercado. Num primeiro momento, é possível antever alguns impactos negativos da sua adoção, sobretudo uma possível redução do número de empregos na indústria de bens de consumo. Mas, se bem empregada, a nova tecnologia poderia ter vantagens importantes de um ponto de vista ambiental:
1 – Ela vai revolucionar a forma como consumimos – A impressão 3D permite produzir objetos no mesmo local onde eles serão consumidos, favorecendo um modelo de faça-você-mesmo e reduzindo a presença de intermediários, à semelhança do que ocorreu com a indústria da música, que viu os CDs serem engolidos pelos downloads digitais.
2 – Ela vai reduzir os desperdícios. As perdas de material não são zero, mas alguns modelos de impressoras 3D efetivamente permitem diminuir o desperdício na manufatura.
3 – Ela vai criar novas possibilidades de reciclagem. Um grupo de alunos da University of Washington está desenvolvendo um equipamento capaz de reutilizar resíduos plásticos, mesmo que não estejam perfeitamente limpos, na impressão de componentes de sistemas para coleta de água pluvial e unidades de latrinas com um componente de compostagem. O projeto está sendo liderado por Matthew Rogge, um aluno de pós-doutorado em engenharia mecânica que trabalhou durante anos em projetos de construção de sistemas de irrigação em Gana, no Panamá e na Bolívia. E, no Togo, oeste da África, Kodjo Afate Gnikou inventou um modelo de impressora 3D feita com entulho eletrônico, o que lhe garantiu um prêmio de inovação dado pela Nasa, a agência ambiental americana (que estuda enviar esse tipo de equipamento para o espaço, reduzindo o volume de cargas a transportar a bordo de suas espaçonaves). O vídeo ao lado detalha este projeto impressionante.
4 – Ela vai reduzir as importações. O barateamento da produção de protótipos e de objetos sólidos de plástico e metal dispensará a terceirização que intensificou as importações da Ásia e a consequente transferência de empregos. Conteineres plásticos, brinquedos, garrafas – todos poderão ser fabricados em casa ou na gráfica 3D da esquina.
5 – Elas facilitam a vida de cientistas e conservacionistas. A CSIRO, uma empresa de tecnologia americana, está imprimindo marcadores de titânio para rastrear a circulação de atuns e tubarões. A impressão de modelos de inúmeros designs pode ser feita de um dia para o outro de modo que os marcadores possam ser entregues rapidamente aos pesquisadores encarregados de marcas os peixes. Outro exemplo: um grupo de designers de Bahrein e da Austrália está imprimindo recifes artificiais de arenito que sirvam de substrato para corais. Conhecido como Reef Arabia, o grupo está depositando estas estruturas na costa do Golfo Pérsico, onde a sobrepesca comprometeu a vida marinha. Depois de submergir mais de 3 mil estruturas de concreto, os designers concluíram que precisavam de um modelo que pudesse ser replicado rápido e que fosse mais próximo a uma rocha natural. O vídeo ao lado, em inglês, mostra como o grupo trabalha.
Nem todos estão convencidos das vantagens ambientais da impressão 3D – como mostra debate recente no fórum Verge de tecnologia e sustentalidade promovido em San Francisco. Um exemplo das restricões à nova tecnologia é que os produtos plásticos gerados não vêm com um código que indica como eles deveriam ser separados para reciclagem. Ainda é cedo para ver os desdobramento dessa tecnologia, mas sua expansão está sendo tão rápida que muito em breve seus impactos, positivos ou não, ganharão visibilidade na grande mídia.