A raposa insular (Urocyon littoralis), uma espécie miúda, endêmica das Channel Islands, arquipélago do sul da Califórnia, caminhava rapidamente para a extinção na virada do milênio. Em 2004, quatro das seis subespécies – uma por ilha – foram incluídas na lista de animais altamente ameaçados. No caso mais dramático, da ilha de Santa Rosa, a população passou de mais de 1.500 para apenas 14 animais em apenas seis anos, entre 1994 e 2000.
Mas a última edição da revista National Geographic conta como, após uma década de vigorosas ações de conservação, a ONG The Nature Conservancy, dona de grandes glebas no arquipélago, e o Serviço de Parques Nacionais conseguiram reverter essa tendência, numa das maiores histórias de sucesso já registradas nos Estados Unidos. Hoje, cerca de 2.500 raposas vivem no arquipélago.
A espécie sofria ameaças de todos os lados. Devido ao seu isolamento geográfico, ela tinha pouca imunidade a parasitas e doenças trazidos do continente por cachorros domésticos. Em 1998, por exemplo, uma doença canina acabou com 90% das raposas da ilha de Santa Catalina (mais conhecida como Catalina, um balneário badalado). Além dos cachorros, os humanos trouxeram para o arquipélago uma série de outros animais que estressaram um ecossistema já muito inóspito devido ao isolamento geográfico. A introdução de gatos selvagens, porcos e cabras aumentou a competição por alimentos e abrigo. Se não bastasse, nos anos 20, a produção de um faroeste trouxe bisões para Catalina, desequilibrando ainda mais o delicado habitat das raposas insulares.
Mas o pior inimigo da espécie era a águia dourada, quatro vezes maior do que a raposa anã. Essas aves de rapina não faziam ninho no arquipélago até os anos 90, mas elas parecem ter ocupado o nicho deixado vazio pelas águias carecas nativas do arquipélago, exterminadas pelo uso agrícola do DDT entre os anos 40 e 70. As águias carecas mantinham as águias douradas à distância e não ameaçavam as raposas, pois só se alimentavam de peixes. Inicialmente, as águias douradas atacavam os porcos selvagens do arquipélago, mas estes foram erradicados por uma ação governamental que visava recuperar a paisagem das ilhas e parar de atrair águias douradas, no início dos anos 90. O resultado foi devastador para a população de raposas, que se tornaram alvo principal do predador.
O pacote de medidas de conservação que ajudou a mitigar esses riscos incluiu a adoção de um sistema de rastreamento por rádio e check-ups periódicos dos indivíduos remanescentes; campanhas de vacinação contra doenças caninas; a retirada de águias douradas, levadas para a terra firme; a reintrodução da águia careca; reprodução de raposas em cativeiro. Foi uma série de iniciativas bem azeitadas e que acabaram dando resultado espetacular em apenas uma década.[:en]
A raposa insular (Urocyon littoralis), uma espécie miúda, endêmica das Channel Islands, arquipélago do sul da Califórnia, caminhava rapidamente para a extinção na virada do milênio. Em 2004, quatro das seis subespécies – uma por ilha – foram incluídas na lista de animais altamente ameaçados. No caso mais dramático, da ilha de Santa Rosa, a população passou de mais de 1.500 para apenas 14 animais em apenas seis anos, entre 1994 e 2000.
Mas a última edição da revista National Geographic conta como, após uma década de vigorosas ações de conservação, a ONG The Nature Conservancy, dona de grandes glebas no arquipélago, e o Serviço de Parques Nacionais conseguiram reverter essa tendência, numa das maiores histórias de sucesso já registradas nos Estados Unidos. Hoje, cerca de 2.500 raposas vivem no arquipélago.
A espécie sofria ameaças de todos os lados. Devido ao seu isolamento geográfico, ela tinha pouca imunidade a parasitas e doenças trazidos do continente por cachorros domésticos. Em 1998, por exemplo, uma doença canina acabou com 90% das raposas da ilha de Santa Catalina (mais conhecida como Catalina, um balneário badalado). Além dos cachorros, os humanos trouxeram para o arquipélago uma série de outros animais que estressaram um ecossistema já muito inóspito devido ao isolamento geográfico. A introdução de gatos selvagens, porcos e cabras aumentou a competição por alimentos e abrigo. Se não bastasse, nos anos 20, a produção de um faroeste trouxe bisões para Catalina, desequilibrando ainda mais o delicado habitat das raposas insulares.
Mas o pior inimigo da espécie era a águia dourada, quatro vezes maior do que a raposa anã. Essas aves de rapina não faziam ninho no arquipélago até os anos 90, mas elas parecem ter ocupado o nicho deixado vazio pelas águias carecas nativas do arquipélago, exterminadas pelo uso agrícola do DDT entre os anos 40 e 70. As águias carecas mantinham as águias douradas à distância e não ameaçavam as raposas, pois só se alimentavam de peixes. Inicialmente, as águias douradas atacavam os porcos selvagens do arquipélago, mas estes foram erradicados por uma ação governamental que visava recuperar a paisagem das ilhas e parar de atrair águias douradas, no início dos anos 90. O resultado foi devastador para a população de raposas, que se tornaram alvo principal do predador.
O pacote de medidas de conservação que ajudou a mitigar esses riscos incluiu a adoção de um sistema de rastreamento por rádio e check-ups periódicos dos indivíduos remanescentes; campanhas de vacinação contra doenças caninas; a retirada de águias douradas, levadas para a terra firme; a reintrodução da águia careca; reprodução de raposas em cativeiro. Foi uma série de iniciativas bem azeitadas e que acabaram dando resultado espetacular em apenas uma década.