Por Amália Safatle
Dos amores incondicionais, aquele que se nutre pelos bichos parece ser um dos mais nobres. Eles não falam e, na maioria das vezes, não retribuem, tampouco fazem força para agradar. Também não espalharão nossos genes, como farão os filhos. A gente gosta e ponto.
Não importa que pareçam gosmentos, como os minúsculos seres que habitam a parede de um minhocário, em meio a fungos. É como se essas estruturas erráticas arvorassem um universo particular dentro de uma composteira de lixo. O que é grande e o que é pequeno?
Esta é uma homenagem aos bichos não fofos, um tanto impopulares, mas de delicadeza, formatos e cores surpreendentes, em sua existência invertebrada. A casa onde moro está aberta a eles. Paredes, pisos, o quintal todo. Sem hierarquias, convivemos. Vai ver que o amor é isso.