A máxima que diz que o meu direito termina onde o do outro começa relaciona-se com uma virtude que tem estado à flor da pele nesses tempos: a tolerância. Ao falar no exercício da cidadania, dos direitos de cada um, vale colocar na balança o grau de intolerância que tem assolado o dia a dia de quem emite opiniões. A Declaração de Princípios sobre a Tolerância, publicada pela Unesco em 1995, adverte para o fato de a linguagem e a comunicação serem meios para a produção da intolerância que leva ao desejo de eliminar o outro.
“Um ambiente de convivência entre as diferenças, mais do que uma resignação, requer o interesse pelo diferente, no sentido de ver naquilo uma fonte de enriquecimento das nossas próprias perspectivas”, avalia o jornalista Eugênio Bucci, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP. Ao trabalhar, a indústria da comunicação precisa da responsabilidade de quem acredita que a educação para a convivência e para a ética depende da sua mensagem. “A falsa informação é capaz de produzir a guerra”, arremata ele, ao lembrar-se da invasão ao Iraque em 2003.