O gigantesco protesto que levou 400 mil pessoas , pelos cálculos dos organizadores, e mais de 1.500 não-governamentais às ruas de Nova York no domingo teve as mudanças climáticas como alvo principal – mas serviu de guarda-chuva para inúmeras outras causas que dominam o debate ambiental atual. Entidades que combatem a energia nuclear, o fraturamento hidráulico, o consumo de carne e a discriminação das minorias aproveitaram para chamar atenção para suas causas e a conexão destas com o aquecimento global. O evento, um dos maiores, senão o maior protesto ambiental já realizado, mesclou anônimos a dezenas de celebridades e autoridades, como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon (que declarou-se comovido pela multidão), o prefeito Bill de Blasio e o ator Leonardo di Caprio. O vídeo ao lado, produzido pelo diário The New York Times, ilustra bem o clima e a diversidade do protesto. Como disse a escritora Naomi Klein, notória pela sua crítica à globalização, ao website de divulgação ambiental Grist: “isto aqui é a cara de Nova York”.
O resultado final foi uma espécie de cacofonia que misturou danças astecas a palavras de ordem pela independência do Tibete (rebatizado como “Terceiro Pólo”, numa referência às neves eternas da cordilheira do Himalaia). Ben Adler, colunista do Grist, avalia que a festa foi democrática, mas teme que a mensagem tenha sido diluída pela mistureba de bandeiras.
A passeata de Nova York foi a mais vistosa dentre 2.700 manifestações que teriam reunido 1 milhão de pessoas em inúmeras cidades, inclusive o Rio (4 mil pessoas protestaram na praia de Ipanema). A maratona de eventos teve o intuito de pressionar as delegações reunidas na sede da ONU para mais uma cúpula climática a tomarem medidas mais ousadas, promoverem as energias limpas e eliminarem os subsídios ao petróleo e ao carvão.
Difícil dizer se a mobilização pública comoveu os delegados reunidos em Nova York – mas é fato que o primeiro dia do encontro teve algumas declarações fortes e transformadoras. A principal delas foi feita pelo presidente Barack Obama, que disse estar pronto para liderar a frente anti-mudanças climáticas e colaborar com os esforços da sociedade civil. Ele admitiu que o seu país entrou muito tarde nesta luta e prometeu estabelecer políticas agressivas para combater um inimigo que ele equiparou ao terrorismo. O alinhamento de Obama com o grito das ruas contrasta de forma espetacular com a atitude de seus antecessores no que toca à questão climática. Sinal de que, cacofônica ou não, a população vem passando o seu recado.
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O gigantesco protesto que levou 400 mil pessoas , pelos cálculos dos organizadores, e mais de 1.500 não-governamentais às ruas de Nova York no domingo teve as mudanças climáticas como alvo principal – mas serviu de guarda-chuva para inúmeras outras causas que dominam o debate ambiental atual. Entidades que combatem a energia nuclear, o fraturamento hidráulico, o consumo de carne e a discriminação das minorias aproveitaram para chamar atenção para suas causas e a conexão destas com o aquecimento global. O evento, um dos maiores, senão o maior protesto ambiental já realizado, mesclou anônimos a dezenas de celebridades e autoridades, como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon (que declarou-se comovido pela multidão), o prefeito Bill de Blasio e o ator Leonardo di Caprio. O vídeo ao lado, produzido pelo diário The New York Times, ilustra bem o clima e a diversidade do protesto. Como disse a escritora Naomi Klein, notória pela sua crítica à globalização, ao website de divulgação ambiental Grist: “isto aqui é a cara de Nova York”.
O resultado final foi uma espécie de cacofonia que misturou danças astecas a palavras de ordem pela independência do Tibete (rebatizado como “Terceiro Pólo”, numa referência às neves eternas da cordilheira do Himalaia). Ben Adler, colunista do Grist, avalia que a festa foi democrática, mas teme que a mensagem tenha sido diluída pela mistureba de bandeiras.
A passeata de Nova York foi a mais vistosa dentre 2.700 manifestações que teriam reunido 1 milhão de pessoas em inúmeras cidades, inclusive o Rio (4 mil pessoas protestaram na praia de Ipanema). A maratona de eventos teve o intuito de pressionar as delegações reunidas na sede da ONU para mais uma cúpula climática a tomarem medidas mais ousadas, promoverem as energias limpas e eliminarem os subsídios ao petróleo e ao carvão.
Difícil dizer se a mobilização pública comoveu os delegados reunidos em Nova York – mas é fato que o primeiro dia do encontro teve algumas declarações fortes e transformadoras. A principal delas foi feita pelo presidente Barack Obama, que disse estar pronto para liderar a frente anti-mudanças climáticas e colaborar com os esforços da sociedade civil. Ele admitiu que o seu país entrou muito tarde nesta luta e prometeu estabelecer políticas agressivas para combater um inimigo que ele equiparou ao terrorismo. O alinhamento de Obama com o grito das ruas contrasta de forma espetacular com a atitude de seus antecessores no que toca à questão climática. Sinal de que, cacofônica ou não, a população vem passando o seu recado.