A transparência na comunicação do desempenho em sustentabilidade das empresas – que ganhou importância, ao menos desde 2008, quando a turbulência financeira abalou os mercados em mundo –, orienta a pesquisa anual “Relate ou Explique”, da BM&FBovespa, lançada em 2011, em parceria com a Global Reporting Initiative (GRI).
A terceira edição, apresentada em julho, revelou, pela primeira vez, as razões apresentadas por 149 empresas (entre 311 consultadas da base de 437 organizações empresariais) que ainda não divulgam informações socioambientais em seus relatórios. Os dados também mostram que vem diminuindo o número de companhias que deixa de se manifestar a cada consulta. Em 2011 somavam 245; no ano seguinte, 149, e atualmente são 126. Outro aspecto importante: pelo segundo ano consecutivo, o levantamento confirmou que a adesão das empresas listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) se manteve inalterada em 100%. Tal desempenho indica que prestar contas com regularidade e transparência à sociedade não é mais um diferencial no mundo corporativo, mas tornou-se um critério mínimo para integrar um grupo seleto de empresas que se destacam na gestão voltada à sustentabilidade.
Um grupo de 27 companhias informou que estava em fase de elaboração do relato (17) ou se preparava para divulgá-lo (10). Somadas às demais 162 que já prestam contas por meio de relatórios ou documentos similares, no cômputo geral, 189 organizações confirmaram o compromisso em relatar seus impactos, publicando informações de sustentabilidade e de governança. Algumas justificativas registradas pela pesquisa chamam atenção: para outras 27 companhias, o relatório “não representa uma necessidade ou não é prioridade”, enquanto 17 simplesmente não apresentaram qualquer justificativa (mesmo assim incluídas no grupo de 149 respondentes) e nove revelaram um entendimento errôneo sobre a finalidade desse tipo de publicação.
A iniciativa foi rebatizada para “Relate ou Explique para Relatório de Sustentabilidade ou Integrado (antes “… Relatório de Sustentabilidade ou Similar”). Essa foi a maneira que a BM&FBovespa encontrou para apoiar o International Integrated Reporting Council (IIRC), empenhado na construção de um modelo aceito mundialmente para o relato integrado (informações contábeis e não financeiras). Nesse contexto, o objetivo é aprimorar a comunicação de impactos e desempenho das empresas relatoras ao mercado, em particular aos olhos de investidores e analistas, que têm demandado cada vez mais informações de sustentabilidade para definir o portfólio de investimentos.
“Relatar questões socioambientais e de governança deixará de ser um diferencial competitivo das empresas. Mas será uma condição sine qua non para competir”, avalia Sonia Favaretto, diretora de Comunicação e Sustentabilidade da BM&FBovespa.