Uma empresa californiana está sequestrando metano da atmosfera para utilizá-lo como matéria-prima para fabricar os mais diversos tipos de plástico, inclusive alguns polímeros recicláveis ou compostáveis, a um preço competitivo em relação ao produto derivado do petróleo. Embora a tecnologia empregada não seja completamente nova, a Newlight Technologies registrou, ao longo da última década, diversas patentes que permitiram o barateamento do processo. O produto, AirCarbon, uma família de termopolímeros que inclui variedades de polipropileno, polietileno e poliestireno, está ganhando terreno rapidamente no mercado americano.
Lançado em meados do ano passado, ele já conseguiu alguns embaixadores importantes. Em agosto, foi elogiado pelo Fórum Econômico Mundial com um prêmio que destaca tecnologias consideradas revolucionárias. Em novembro, o primeiro produto feito com AirCarbon, uma cadeira de escritório de linhas modernas, foi apresentada na Greenbuild, uma das maiores conferências internacionais de construção sustentável (veja o produto no vídeo ao lado, uma reportagem da rede CBS, em inglês). Há poucas semanas, a Dell anunciou que seus computadores passarão a ser embalados em sacos produzidos pela Newlight.
Embora o processo seja cercado de segredos, Mark Herrema, CEO da Newlight, dá algumas pistas. Primeiro, a empresa captura um volume concentrado de metano emitido por termelétricas, empreendimentos rurais e aterros sanitários. Ele é direcionado para um reator, onde é quebrado por um biocatalisador, provavelmente uma bactéria, num ambiente aeróbico. Segundo informações divulgadas pela empresa, este biocatalisador tem uma capacidade de produzir polímeros nove vezes maior do que as cepas conhecidas pelo mercado – e esse é o pulo do gato da empresa. Na etapa seguinte, hidrogênio, carbono e oxigênio são reorganizados em longas cadeias de termopolímeros (com 60% de sua composição vinda do metano e o restante do oxigênio atmosférico). Por fim, elas são convertidas em material granulado, que pode ser enviado para processamento industrial. O processo tem certificados emitidos pela NSF Sustainability e a Trucost que atestam que ele é efetivamente carbono negativo.
É, obviamente, uma tecnologia fascinante, pela sua capacidade de remover da atmosfera um dos gases com maior peso na promoção das mudanças climáticas, com o poder de reter calor e promover o efeito estufa 20 vezes maior que o dióxido de carbono. Em tese, o AirCarbon é comparável aos bioplásticos feitos com fontes renováveis de biomassa, sobretudo de milho, mas estes demandam água e solo e têm custos que comprometem sua competitividade.[:en]
Uma empresa californiana está sequestrando metano da atmosfera para utilizá-lo como matéria-prima para fabricar os mais diversos tipos de plástico, inclusive alguns polímeros recicláveis ou compostáveis, a um preço competitivo em relação ao produto derivado do petróleo. Embora a tecnologia empregada não seja completamente nova, a Newlight Technologies registrou, ao longo da última década, diversas patentes que permitiram o barateamento do processo. O produto, AirCarbon, uma família de termopolímeros que inclui variedades de polipropileno, polietileno e poliestireno, está ganhando terreno rapidamente no mercado americano.
Lançado em meados do ano passado, ele já conseguiu alguns embaixadores importantes. Em agosto, foi elogiado pelo Fórum Econômico Mundial com um prêmio que destaca tecnologias consideradas revolucionárias. Em novembro, o primeiro produto feito com AirCarbon, uma cadeira de escritório de linhas modernas, foi apresentada na Greenbuild, uma das maiores conferências internacionais de construção sustentável (veja o produto no vídeo ao lado, uma reportagem da rede CBS, em inglês). Há poucas semanas, a Dell anunciou que seus computadores passarão a ser embalados em sacos produzidos pela Newlight.
Embora o processo seja cercado de segredos, Mark Herrema, CEO da Newlight, dá algumas pistas. Primeiro, a empresa captura um volume concentrado de metano emitido por termelétricas, empreendimentos rurais e aterros sanitários. Ele é direcionado para um reator, onde é quebrado por um biocatalisador, provavelmente uma bactéria, num ambiente aeróbico. Segundo informações divulgadas pela empresa, este biocatalisador tem uma capacidade de produzir polímeros nove vezes maior do que as cepas conhecidas pelo mercado – e esse é o pulo do gato da empresa. Na etapa seguinte, hidrogênio, carbono e oxigênio são reorganizados em longas cadeias de termopolímeros (com 60% de sua composição vinda do metano e o restante do oxigênio atmosférico). Por fim, elas são convertidas em material granulado, que pode ser enviado para processamento industrial. O processo tem certificados emitidos pela NSF Sustainability e a Trucost que atestam que ele é efetivamente carbono negativo.
É, obviamente, uma tecnologia fascinante, pela sua capacidade de remover da atmosfera um dos gases com maior peso na promoção das mudanças climáticas, com o poder de reter calor e promover o efeito estufa 20 vezes maior que o dióxido de carbono. Em tese, o AirCarbon é comparável aos bioplásticos feitos com fontes renováveis de biomassa, sobretudo de milho, mas estes demandam água e solo e têm custos que comprometem sua competitividade.