A população de aves europeias está caindo a um ritmo alarmante, segundo estudo que acaba de ser publicado na revista científica Ecology Letters. Entre 1980 e 2009, a Europa perdeu 421 milhões de pássaros e o ritmo de extinção de espécies comuns sofreu intensa aceleração. Segundo a pesquisa, sob a coordenação de Richard Inger, do Instituto de Meio Ambiente e Sustentabilidade da University of Exeter, o desaparecimento de aves da região está, como é previsível, associado às atividades humanas, como as práticas agrícolas modernas e a destruição dos habitats. É um quadro antevisto há mais de 50 anos por uma das bíblias do ambientalismo, o libelo antiagrotóxicos “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson.
O novo estudo foi elaborado por cientistas britânicos e checos com base em dados de 144 espécies de pássaros de 25 países europeus, em sua maior parte coletados por grupos voluntários de observadores de aves. As 36 espécies consideradas mais comuns, dentre elas o pardal doméstico, a perdiz cinza e a cotovia-dos-campos, sofreram declínio mais acentuado e foram responsáveis por 90% do total da queda de população aviária . Essas espécies perderam mais de 20% das suas populações. Em contraste, o número de indivíduos de algumas espécies mais raras parece não ter caído tanto e os autores aventam que os méritos disso poderiam ser atribuídos a experiências de conservação bem sucedidas (os autores citam vários estudos com evidências neste sentido, como este). Eles também mencionam exemplos na literatura de espécies que já foram muito abundantes e deixaram de sê-lo rapidamente – mostrando que a abundância populacional definitivamente não oferece garantias de sobrevivência. Para reverter a acelerada extinção de aves mais comuns – sem o sex-appeal de uma ararinha azul e com menos apoio de iniciativas governamentais ou não-governamentais – os cientistas recomendam que a região reveja seus padrões de exploração agrícola e criem áreas verdes nos centros urbanos.
Vale lembrar que o desaparecimento das aves europeias segue tendência semelhante à registrada entre anfíbios, morcegos, borboletas e, no caso mais noticiado, abelhas.
Para terminar, uma pequena citação de “Primavera Silenciosa”:
Como é que seres inteligentes resolveram controlar algumas espécies indesejáveis com um método que contamina todo o meio ambiente e cria uma ameaça de doenças e morte até mesmo para a sua própria gente?
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A população de aves europeias está caindo a um ritmo alarmante, segundo estudo que acaba de ser publicado na revista científica Ecology Letters. Entre 1980 e 2009, a Europa perdeu 421 milhões de pássaros e o ritmo de extinção de espécies comuns sofreu intensa aceleração. Segundo a pesquisa, sob a coordenação de Richard Inger, do Instituto de Meio Ambiente e Sustentabilidade da University of Exeter, o desaparecimento de aves da região está, como é previsível, associado às atividades humanas, como as práticas agrícolas modernas e a destruição dos habitats. É um quadro antevisto há mais de 50 anos por uma das bíblias do ambientalismo, o libelo antiagrotóxicos “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson.
O novo estudo foi elaborado por cientistas britânicos e checos com base em dados de 144 espécies de pássaros de 25 países europeus, em sua maior parte coletados por grupos voluntários de observadores de aves. As 36 espécies consideradas mais comuns, dentre elas o pardal doméstico, a perdiz cinza e a cotovia-dos-campos, sofreram declínio mais acentuado e foram responsáveis por 90% do total da queda de população aviária . Essas espécies perderam mais de 20% das suas populações. Em contraste, o número de indivíduos de algumas espécies mais raras parece não ter caído tanto e os autores aventam que os méritos disso poderiam ser atribuídos a experiências de conservação bem sucedidas (os autores citam vários estudos com evidências neste sentido, como este). Eles também mencionam exemplos na literatura de espécies que já foram muito abundantes e deixaram de sê-lo rapidamente – mostrando que a abundância populacional definitivamente não oferece garantias de sobrevivência. Para reverter a acelerada extinção de aves mais comuns – sem o sex-appeal de uma ararinha azul e com menos apoio de iniciativas governamentais ou não-governamentais – os cientistas recomendam que a região reveja seus padrões de exploração agrícola e criem áreas verdes nos centros urbanos.
Vale lembrar que o desaparecimento das aves europeias segue tendência semelhante à registrada entre anfíbios, morcegos, borboletas e, no caso mais noticiado, abelhas.
Para terminar, uma pequena citação de “Primavera Silenciosa”:
Como é que seres inteligentes resolveram controlar algumas espécies indesejáveis com um método que contamina todo o meio ambiente e cria uma ameaça de doenças e morte até mesmo para a sua própria gente?