POR MAGALI CABRAL
Pouco a pouco o ceticismo no mundo financeiro em relação à mudança climática vai dando lugar a um estado de atenção. Na semana passada, foi a vez de o Banco da Inglaterra “tocar o alarme”.
O presidente da instituição, Mark Carney, emitiu um aviso sobre os riscos à estabilidade global após uma reunião com as seguradoras britânicas. Depois de destacar o rápido aumento de catástrofes relacionadas com o clima e o aumento dos custos físicos e financeiros, Carney alertou que os efeitos do aquecimento global até aqui não são nada perto do que pode vir. Instabilidade política, migrações, secas, insegurança alimentar foram algumas das consequências citadas.
Segundo ele, embora a mudança climática seja uma questão que afeta a estabilidade financeira, já pode ser tarde demais para evitar suas consequências.
A esperança é que os países, em especial os grandes emissores de gases de efeito estufa, fechem um acordo de redução na Conferência do Clima da ONU, que será realizada em Paris, entre 30 de novembro e 11 de dezembro. A proposta global é limitar o aquecimento a 2 graus até 2100, em relação a temperatura média pré-Revolução Industrial. De 1850 até agora, o planeta ficou 0,85 grau mais quente.
As metas que serão apresentadas em Paris por países desenvolvidos e em desenvolvimento são, na opinião dos cientistas do clima, pouco ambiciosas. Não impediriam que a temperatura atingisse os 3,5 graus até o final deste século. Dados de 2010 do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) mostram que o planeta emite por ano cerca de 50 gigatoneladas de CO2 equivalente (além do carbono, inclui metano, óxido nitroso, entre outros gases). Somente nos últimos 50 anos, a concentração de CO2eq na atmosfera cresceu 25%.
O maior emissor de gases-estufa da atualidade é a China, com mais de 11 gigatoneladas por ano – embora os Estados Unidos sejam os maiores responsáveis pela concentração de gases existente. O Brasil, que tem no desmatamento seu principal foco de emissões, joga anualmente 1,3 gigatonelada na atmosfera. A meta é reduzir essas emissões em 37% até 2025 e em 43% até 2030, com base nos números de 2005 (naquele ano, as emissões registradas atingiam 2,1 gigatonelas/ano e vêm caindo em decorrência da redução do desmatamento).