Natureza morta? Não: incerteza viva. Desde que o domínio do fogo modificou a história humana para sempre, a vida na Terra jamais seria a mesma. As etapas do processo de civilização sucederam-se, uma a uma, com a única constatação: de que a aventura do homem sobre o planeta seria feita de inconstâncias, impermanências e muito risco. A vida mostrou-se um fio tênue. A morte, certeira. A sustentabilidade, adaptação a um mundo que não pára de se modificar e ser modificado.
Nesta obra do mineiro José Bento, um artífice da madeira que nasce, cresce, morre e renasce na arte, a alma de cada árvore cabe em caixinhas de fósforos. Braúna, cedro, pau-brasil. A ponta de um palito acende a energia da vida, volátil e circular, pronta para virar cinzas e fecundar a terra. Do Pó ao Pó é o nome da exposição de José Bento na 32ª Bienal de Arte de São Paulo.