Evento aposta na valorização da sociobiodiversidade, no envolvimento de comunidades tradicionais e na inovação
Por Mônica C. Ribeiro, de Manaus
Investimentos de impacto e negócios sustentáveis podem ajudar na mudança do paradigma de desenvolvimento vigente na região amazônica e na conservação da floresta. As apostas estão na valorização da sociobiodiversidade, no envolvimento de comunidades tradicionais e na inovação. Os desafios ainda são muitos, mas o movimento vem aos poucos se desenvolvendo em solo amazônico.
Uma chamada de negócios de impacto realizada este ano pela Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA) mapeou 81 negócios na região, nas mais diversas áreas: tecnologia verde ligada à promoção de agricultura e pecuária sustentável, manejo florestal sustentável e valorização dos produtos da sociobiodiversidade, combate ao tráfico de animais e à exploração madeireira ilegal, além de projetos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Desses negócios, 15 foram selecionados como finalistas e participaram de pitches (breves apresentações dos negócios a investidores e de uma rodada de negócio) durante o 1º Fórum de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis na Amazônia (FIINSA). Realizado em 13 e 14 de novembro em Manaus, o encontro, reuniu centenas de empreendedores, investidores, empresas, organizações da sociedade civil, institutos, fundações e demais atores envolvidos com o campo dos negócios de impacto.
Ao todo, foi investido mais de R$ 1 milhão em startups, negócios de base comunitária e empresas com impacto socioambiental. Quatro negócios em estágio mais avançado, que buscavam investimentos para expansão e ganho de escala, participaram por meio de uma rodada de negócios em estilo shark tank. Este modelo é inspirado no programa de TV em que pequenos empreendedores apresentaram suas ideias de negócio a potenciais investidores, detalhando ao máximo possível perspectivas de crescimento e eficácia, a fim de convencê-los a aportar recursos em seus empreendimentos.
A Manioca, uma das empresas a participar da rodada de negócios, é uma indústria gastronômica criada em 2014 baseada em três ideias: uso de ingredientes da Amazônia, produtos 100% naturais e promoção do comércio justo junto a produtores, comunidades, cozinheiros e todos que são a base da culinária paraense. Assim se desenharam produtos como geleias de pimenta de cheiro, de priprioca e de taperebá; o doce de cupuaçu; o molho de tucupi preto e o tucupi temperado; o licor de flor de jambu e o feijão manteiguinha, entre outros itens que são beneficiados e comercializados. Os recursos obtidos serão empregados em capital de giro, plano de comunicação, marketing e expansão do mercado.
Outro empreendimento a participar do shark tank foi o Peabiru Produtos da Floresta, que compra mel e colmeias de agricultores familiares, cuidando da logística, beneficiamento, Selo de Inspeção Federal (SIF), venda e pós-venda. Ao mesmo tempo, proporciona renda a agricultores familiares, indígenas, quilombolas e povos tradicionais da Amazônia, e promove maior polinização agroflorestal, restauração ecológica e diminuição do desmatamento. O negócio é um spin-off do Instituto Peabiru, cuja atuação em uma década possibilitou, pela primeira vez, uma cadeia comercial, legalizada e regulamentada, de mel de abelhas sem ferrão na Amazônia. A empresa é hoje a única no Brasil com SIF para a comercialização regular desse produto, que é o único que pode ser exportado. Os recursos obtidos serão utilizados para comercializar cinco tipos de produtos da Amazônia: mel de abelhas, cacau, óleos da Amazônia, farinhas e feijão.
A revitalização da borracha amazônica, gerando renda com inclusão e sem desmatamento, resgatando ao mesmo tempo a identidade seringueira, é o foco da Encauchados de Vegetais da Amazônia, que também participou da rodada de negócios. A iniciativa promove o desenvolvimento e a reaplicação de tecnologia social que transforma o látex nativo em produtos de mercado, permitindo autonomia e autogestão em unidades de produção familiares sustentáveis, envolvendo povos indígenas, seringueiros, ribeirinhos, quilombolas e assentados da reforma agrária. Os recursos serão empregados na ampliação da indústria e implantação de unidades financeiras de produção controladas, promovendo extrativismo sustentável.
Quarto empreendimento a participar da rodada de negócios, o Ração + cria rações usando resíduos de frutos e outros alimentos da região, que seriam descartados como lixo, e ajuda a triplicar a produção local de peixes a um custo mais reduzido para os pequenos produtores. A ração é vendida a um valor até 20% mais barato do que no mercado. Os recursos investidos serão usados para aquisição de maquinário, instalações, capital de giro e regularização jurídica e ambiental.
Os outros empreendedores finalistas da Chamada de Negócios da PPA concorreram ao Prêmio Empreendedor PPA 2018. Durante o FIINSA, eles apresentaram seus negócios a uma banca de especialistas, que selecionou as melhores iniciativas. Quatro receberam o Prêmio, totalizando R$ 60 mil: Broto (que visa atender a demanda da automação para a hidroponia por meio de um sistema integrado de sensores, Big Data e mobile, aumentando a produção sustentável junto a produtores entre 40 e 60 anos), Onisafra (plataforma que gerencia a conexão de agricultores com consumidores finais, com pontos físicos para entrega e retirada dos produtos), Sustente Ecosoluções (uso de larvas de insetos para degradar lixo orgânico; as larvas são usadas como alternativa proteica para alimentação animal) e Da Tribu (desenvolve acessórios de moda com tecnologia da floresta – látex – gerando renda para famílias ribeirinhas).
“A economia do desmatamento relacionada ao uso da terra está tão bem estabelecida na Amazônia que é muito difícil ir contra. Qualquer negócio que se proponha a gerar retorno financeiro, com uma economia de restauração e produção dissociada do desmatamento, já é em si extremamente inovador. E inovação sempre tem risco. Quando não se tem uma fonte de apoio financeiro a fundo perdido, o investidor precisa estar disposto a correr riscos”, avalia Mariano Cenamo, pesquisador sênior do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e coordenador da PPA. “Precisamos de negócios que solucionem problemas ambientais e sociais urgentes, em especial na Amazônia. Por que negócios de impacto? Porque não é possível proteger a floresta sem melhorar a qualidade de vida das pessoas”, completa.
Investimentos na Amazônia: marca sexy
A Mov Investimentos destinou, na última década, quase R$ 232 milhões para a região amazônica, aplicados em empresas como Amata (que disponibiliza madeira certificada para o consumidor e serviços ambientais), a Biofílica Investimentos Ambientais (que atua com serviços ambientais, pesquisa, desenvolvimento socioeconômico e intermediação de negócios entre produtores e proprietários de matas nativas), a Mar & Terra (especializada na reprodução de espécies amazônicas, como o pirarucu e o pintado) e a Órigo Energia (que embora não esteja baseada na região, leva energia solar a comunidades isoladas na Amazônia).
Os dados foram divulgados por Paulo Belotti, da Mov Investimentos, durante o FIINSA. “A Amazônia é a integração quase perfeita da tese de investimento com a tese de impacto.” Segundo ele, a primeira está muito calcada no valor da marca Amazônica, que tem muito potencial para ser desenvolvida no Brasil e fora dele. O soft power que o Brasil tem no mundo está muito ligado a isso, ao agronegócio que depende da Amazônia como regulador climático. Já a tese de impacto significa a preservação da floresta, a integração das comunidades e o aumento de renda. “Por isso a gente busca criar negócios liderados por empreendedores capacitados e com mentalidade resiliente para tocar os empreendimentos ao longo do tempo, que vão trabalhar com cadeias longas de suprimentos, para gerar grande quantidade de empregos e qualidade”, avalia.
Os recursos da Mov buscam negócios com receita entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões, mas há muitos outros pequenos negócios que ainda precisam de mais tempo – e investimento – para chegar a um modelo válido, capaz de gerar escala e começar a faturar um valor próximo a esse.
A Kaeté Investimentos, que também investe em negócios na Amazônia, tem como ponto de partida empreendimentos com receita em torno de R$ 10 milhões por ano. Entre os negócios investidos estão a Peixes da Amazônia (complexo de piscicultura dedicado à reprodução e processamento de peixes nativos da Amazônia), Dom Porquito (produção de suínos em parceria com pequenos e médios produtores integrados) e a Ouro Verde Amazônia (modelo sustentável de agregação de valor em produtos florestais não madeireiros).
“Temos extraordinárias oportunidades de mercado. Mas tivemos dificuldades em encontrar negócios na chamada Amazônia profunda, empresas que processam produtos não madeireiros. Pelo perfil do fundo, exigências e tamanho dos negócios. Analisamos uma série de empreendimentos não madeireiros, mas nenhum se qualificou na questão da escala e gestão do negócio. A barra ficou alta para suportar negócios que acho extremamente importantes para a Amazônia. O primeiro investimento que fiz, há 20 anos, foi justamente em castanha”, relata Luis Fernando Laranja, cofundador da Kaeté.
Esse é um dos grandes desafios para que os chamados negócios de impacto se desenvolvam. Uma das apostas para melhorar essa situação é o mecanismo chamado blended finance, que mistura diversos tipos de capital para impulsionar o negócio. Institutos e fundações privadas, por exemplo, também já estão entrando nesse campo, tendo mais tranquilidade para aguardar o retorno do investimento. Muitas vezes podem prover capital semente ou outras modalidades para que os negócios se organizem e estejam prontos ou comecem a escalar, e possam então contar com aportes maiores de investidores.
O Fundo Amazônia, que contabiliza 102 projetos apoiados e R$ 1 milhão desembolsado, também coloca essa possibilidade no futuro próximo. Daniela Baccas, do Fundo Amazônia (BNDES), conta que em 2009, o fundo teve uma primeira experiência de apoio a projetos de atividades produtivas sustentáveis em investimentos pontuais. Em 2012, buscou mais capilaridade, colocando como público alvo as comunidades tradicionais, e com isso foi feita uma chamada pública de projetos e atividades, buscando maior aglutinação e parceiros. Em 2017 veio outra chamada para pequenos projetos, mas pensando em estruturação de cadeia de valor, com todas as fases até a comercialização.
Todo esse histórico remete a cerca de R$ 122 milhões em produtos comercializados. “Ainda existe espaço para pensarmos em uma nova fase, em que esses produtos ganhem uma escala de negócios. Os recursos do Fundo não são reembolsáveis, é possível que possam ser combinados com recursos privados ou de outras fontes, para catalisar os investimentos que já são feitos e alavancar os negócios na região, conseguindo escala e atração de outros recursos”, diz Baccas.
Estudo aponta os caminhos para o investimento de impacto na Amazônia
Durante o FIINSA foi divulgado também o estudo Investimento de Impacto na Amazônia: Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Realizado pela Sitawi Finanças do Bem com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat), Idesam e PPA, o material aponta que novas soluções, baseadas em modelos de negócio inovadores, precisam ser criadas e introduzidas na Amazônia, permitindo o aumento de renda na região sem degradação ambiental. O objetivo de longo prazo seria alterar o perfil de atividade econômica da região. Investimentos com intencionalidade de impacto socioambiental positivo e resultados financeiros seriam uma forma de operar essa transformação.
As características que tornam a Amazônia uma região de baixos índices socioeconômicos também elevam o risco associado a investimentos. O documento aponta que questões geográficas, de desenvolvimento de serviços e infraestrutura, educação e cultura empresarial contribuem para elevar os custos de negócios na Amazônia brasileira. Motivar investidores e empreendedores a atuar na região exige a introdução de novos mecanismos de financiamento, que incluam estratégias de mitigação de risco, modelos de financiamento mistos, e a adoção de uma perspectiva mais orientada para o mercado nas escolhas das cadeias de valor que devem receber investimento.
Para instituições filantrópicas e de desenvolvimento que já atuam na Amazônia, com sucessos notáveis em alguns casos de abordagens conservacionistas, o estudo sugere a adoção de novo paradigma de ação, em parceria com agentes que tenham entre seus objetivos a geração de lucro.
Dentre os desafios apontados, estão: (1) a pouca disponibilidade de capital de impacto, (2) a necessidade de políticas públicas que atendam às necessidades das comunidades produtivas da região, (3) a qualificação associada a pesquisa e desenvolvimento, (4) necessidade de ampliar iniciativas de incubação e aceleração de negócios, (5) necessidade de maior conexão entre os atores do ecossistema, (6) logística e infraestrutura, (7) violência no campo, (8) necessidade de mudança da cultura empreendedora em relação à pecuária e madeira, (9) alavancar mais negócios na chamada “Amazônia profunda” com mais envolvimento das comunidades tradicionais.
Já as oportunidades incluem: (1) público crescente disposto a consumir produtos com a marca Amazônia e ligados à sociobiodiversidade (2) novos recursos e modelos de financiamento chegando (3) uma nova geração que assume os negócios com olhar mais apurado para estas questões e aberta a mudar.
Para Mariano Cemano, do Idesam, a realização do FIINSA representa o início de uma jornada para fortalecer o ecossistema de negócios de impacto na região amazônica. “Nós ficamos muito felizes de conseguir trazer, pela primeira vez, um fórum dessa magnitude para Manaus, uma das capitais da Amazônia. Geralmente esses encontros ocorrem em São Paulo, no Rio de Janeiro, ou em Brasília e Minas Gerais, e aqui a gente pôde ouvir comunidades, ribeirinhos, indígenas, conversando junto com empreendedores que vieram para cá conhecer um pouco mais de perto os desafios de desenvolver negócios na Amazônia”, avalia.
Alguns bons negócios de impacto que já rodam e outros prestes a escalar:
Café
Vem de Apuí, no sul do estado do Amazonas, um dos casos de negócio de impacto envolvendo pequenos agricultores familiares e o cultivo de café agroflorestal.
Da observação de cafezais no município, percebeu-se a existência de consórcios naturais com outras espécies arbóreas como embaúba, andiroba e cedro. A presença dessas espécies no cafezal em grande parte foi resultado do abandono, quando preço do café entrou em baixa. Com a sua valorização posterior, em 2004, houve a retomada da colheita, e os agricultores logo perceberam que o consórcio havia melhorado a qualidade do café em muitos aspectos, incluindo o rendimento do grão por área.
O Idesam elaborou então um projeto em 2012, com apoio do Fundo Vale, visando fortalecer a cadeia de valor do café em sistemas agroflorestais, de modo a melhorar a produtividade e a qualidade da produção, diversificar renda e apoiar a organização social dos agricultores familiares, ao mesmo tempo contribuindo para a redução do desmatamento e das emissões de carbono na Amazônia.
Hoje o Café Apuí Agroflorestal é o primeiro café produzido de forma sustentável na Amazônia e o segundo, no Brasil, 100% conilon. O café foi lançado ao mercado em 2015, envolvendo 30 famílias produtoras. Hoje, prestes a lançar a versão orgânica, incluindo certificação participativa, o produto está pronto para ganhar escala e novos mercados, e já há outros agricultores interessados em se unir ao processo.
É vendido em Manaus e região e também em São Paulo, no Empório do Campo, no box do Instituto ATÁ no mercado de Pinheiros e no Instituto Chão.
Chocolate
O chocolate amazônico Na’Kau é outro produto a exaltar a origem e a movimentar uma cadeia produtiva, desta vez a partir do fornecimento do cacau de várzea do Amazonas. O negócio remunera , acima dos valores de mercado, os 17 extrativistas que fornecem o fruto. Esses extrativistas estão distribuídos em seis municípios ao longo da calha do rio Madeira.
O chocolate foi lançado em 2017 e além das variedades com variações do percentual de cacau, cada uma delas associada a um extrativista (as embalagens trazem informações detalhadas sobre eles), conta ainda com a linha Parcerias Sustentáveis, com versões que misturam ao chocolate alimentos locais como o próprio café Apuí, a pimenta Baniwa, o cupuaçu e as castanhas. Traz o selo Origens Brasil, do Imaflora, que atesta o respeito aos territórios de diversidade socioambiental.
“O grande diferencial é a gente pagar mais por esse cacau e, assim, influenciar na conservação da floresta. Se o extrativista for mais bem remunerado, terá menos interesse em desmatar. Muitos outros querem fornecer o cacau para a nossa fabricação de chocolate, mas não conseguimos comprar ainda. Estamos modelando um negócio para buscar mercado, vender para outras pessoas que querem comprar. Há muita procura por cacau no mundo, e vamos nos organizar para atender essa demanda”, diz Artur Coimbra, empreendedor da Na’kau.
Pecuária
Um outro exemplo de negócio que está mudando o paradigma é a Pecuária Sustentável da Amazônia (Pecsa), uma empresa B que reforma fazendas degradadas e as torna altamente produtivas e rentáveis, garantindo produção sustentável e sem desmatamento na região de Alta Floresta, norte do Mato Grosso.
“Fazemos uma parceria na qual o produtor entra com a terra e nós com investimento e gestão daquela atividade. Assumimos a gestão da fazenda durante um período da parceria e o investimento pesado na área. O produtor parceiro entra com a terra, e pode colocar uma parte ou a totalidade do gado, e também participar dos demais investimentos de acordo com sua disponibilidade financeira. Isso permite retornar o investimento aos investidores, garantindo integridade do sistema de produção do ponto de vista técnico, operacional e ambiental” diz Laurent Micol, da Pecsa.
Saindo agora do chamado “vale da morte” – apelido dado aos três primeiros anos de um negócio de impacto –, a Pecsa tem como resultado o desmatamento zero na área produtiva. “Temos que produzir mais nas áreas que já foram desmatadas. Temos uma redução de gases de efeito estufa de 90% por quilo de carne produzida. Falta pouco para uma pecuária de carbono neutro. Hoje temos 10 mil hectares, 50 mil cabeças e seis fazendas. Até 2020, nossa prova é comercial”, completa.
Mais sobre a Pecsa nesta reportagem de Página22.
Pimenta Baniwa e cogumelos Yanomami
Já relativamente conhecidos devido à parceria com o Instituto Socioambiental e o Instituto ATA, a pimenta Baniwa e os cogumelos Sanöwa Yanomami também estavam presentes ao FIINSA. Foram expostos e comercializados em uma feira de produtos de negócios de impacto ao longo do evento.
André Baniwa diz que, para acessar o mercado, foi preciso aprender a registrar o processo, os nomes científicos das variedades, criar as casas de pimenta para manusear e padronizar o alimento. Foi preciso criar embalagem, rótulo, etiqueta, porque é isso que o consumidor não indígena tem como tradição para se alimentar de um produto. “Tudo isso teve grande importância para fortalecer, repensar e revalorizar a cultura. Hoje já conseguimos colocar no mercado, temos parceiros comerciais como o Alex Atala e outras empresas. Por ser uma atividade relacionada às mulheres, elas foram também mais valorizadas e passaram a discutir mais políticas junto aos homens”, afirma.
Os cogumelos Sanöma, produzidos pelos Yanomami, são também já vendidos no box do Instituto ATA, no mercado de Pinheiros, e no site do Instituto Socioambiental (ISA). O produto, em pó, é um mix de mais de dez espécies e foi desenvolvido em parceria pelo ISA e pela Hutukara Associação Yanomami, em Roraima.
A mesma associação comercializa também cestaria confeccionada pelas mulheres.