Às vésperas da COP 30, é lançado estudo que destaca a importância das florestas brasileiras para o cumprimento do Acordo de Paris, nas frentes de Conservação, Restauração Florestal e Silvicultura. O Brasil tem potencial de aumentar sua cobertura florestal em área equivalente a duas Suíças, com benefícios para o clima, a biodiversidade, a economia e o bem estar
A seguir, algumas das principais conclusões do estudo O protagonismo das florestas brasileiras na agenda climática global – um panorama com foco nos maiores biomas florestais e na silvicultura, que foi preparado por Instituto Arapyaú, Amazônia 2030, Instituto Itaúsa, Ibá, Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Imazon, Uma Concertação pela Amazônia e Cebds, com textos e edição da Página22 e colaboração de dezenas de especialistas.
- As florestas estão entre as soluções climáticas mais escaláveis e custo-efetivas disponíveis atualmente. Elas absorvem cerca de 1/3 das emissões anuais globais gases de efeito estufa da atividade humana. Sem florestas conservadas, manejadas e restauradas, não há como o mundo cumprir as metas do Acordo de Paris
- O Brasil é o ator mais importante nessa equação, pois detém as maiores áreas de florestas tropicais do mundo e, ao mesmo tempo, abriga o maior potencial de restauração florestal do planeta
- Se controlar o desmatamento e
mantiver o desenvolvimento das áreas de restauração florestal e silvicultura, o Brasil poderá inverter a curva de perda de florestas e ter aumento na cobertura florestal e crescimento nos estoques de carbono - Por meio do Código Florestal, o País conta com 215 milhões de hectares de florestas conservadas e áreas reflorestadas em propriedades rurais voltadas para a produção de alimentos.
- O País já se mostrou capaz de derrubar as taxas de desmatamento, principalmente na Amazônia Legal. Políticas de comando e controle, somadas a ordenamento territorial e mecanismos de mercado, podem levar o Brasil ao desmatamento ilegal zero até 2030
- O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) e o Redd+ Jurisdicional (JReed+) são mecanismos promissores para financiar a conservação de florestas em pé
- A restauração de ecossistemas atrai interesse de grandes players da iniciativa privada e ruma para uma escala de milhões de hectares até 2035
- A silvicultura de espécies exóticas no Brasil, a mais competitiva do mundo, prevê aumento de área de plantio de 4 milhões de hectares a 6,2 milhões de hectares em 10 anos. A expansão das áreas de silvicultura se dá sobretudo em áreas anteriormente degradadas, substituindo pastos de baixa produtividade por plantio de árvores de rápido crescimento que capturam carbono da atmosfera e oferecem serviços ecossistêmicos fundamentais
O estudo traz como conceito-base o contínuo florestal. Utilizado internacionalmente, compreende uma visão das diversas paisagens com fitofisionomia florestal ao longo de um território. Essa abordagem contribui para a uma visão integrada das diversas paisagens que compõem o território brasileiros e, consequentemente, para políticas integradas de conservação, restauração e cultivo de árvores.
O contínuo inicia-se com a preservação permanente de maciços florestais intocados; segue em um crescente de intervenção humana com florestas nativas sob regime de manejo sociobioeconômicos; passa pela recuperação de florestas nativas afetadas pela degradação florestal, prossegue com enriquecimento silvicultural; avança na restauração florestal (isto é, plantio de árvores nativas e ou regeneração naturais) de áreas desmatadas, perpassa pelo reflorestamento com plantio de espécies exóticas de ciclo longo (eventualmente combinadas com espécies nativas); e termina, no extremo, com o reflorestamento de espécies como o eucalipto e pinus ou outras espécies, nativas ou não, para finalidades econômicas com mercados bem definidos, inseridos no agronegócio ou na silvicultura tradicional, e que mantêm áreas de conservação mediante o cumprimento do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012).

