“O salvador virá do céu”. Para alguns, no entanto, ele está bem debaixo dos pés, a quilômetros de profundidade. Os islandeses da capital Reykjavík que o digam. Afinal, é o calor que brota da ilha vulcânica que gera toda a eletricidade local e mantém a vida da cidade. Abençoados engenheiros.
A energia geotérmica, que aproveita o calor natural das camadas mais centrais da Terra, tem ganhado espaço quando o assunto é a diminuição das emissões de carbono nos processos de geração, mais ainda diante das ameaças de retomada de programas nucleares, anunciados por países que alegam buscar fontes mais limpas.
Além da Islândia, Filipinas, Estados Unidos e El Salvador também têm aumentado os investimentos nesse tipo de energia. Mas o destaque vai para a Alemanha, que anunciou para este ano cerca de 150 projetos, envolvendo investimentos da ordem de 4 bilhões de euros (em torno de 9 bilhões de reais). Os recursos fazem parte de sua estratégia de produzir 100% de energia renovável até 2050.
O funcionamento é bastante semelhante ao da fonte nuclear, com a grande diferença de não gerar os inoportunos resíduos nem de conviver com os riscos da radioatividade. Trata-se de um sistema que se alimenta diretamente do calor ou da água quente que sobe do interior da Terra. Essa energia aquece uma caldeira, de onde parte o vapor que movimentará as pás do gerador de eletricidade.
As emissões de carbono no processo são quase nulas, mas o que ainda desperta críticas é a liberação na atmosfera de certos gases, como os de enxofre, presentes no interior da Terra. Os defensores, no entanto, alegam que o índice dessas emissões é insignificante perto do que é liberado na queima de combustíveis fósseis.
No Brasil, a modalidade ainda é pouco conhecida e não conta com uma usina específica. Um dos projetos, ainda em discussão, é a exploração do calor das águas do aquífero Guarani, que oscilam entre os 40 °C e os 80 °C, para aquecer casas e edifícios nas cidades de clima mais frio.