Foi lançado o programa “Inovação e Sustentabilidade na Cadeia de Valor” para facilitar a relação entre grandes empresas e seus fornecedores
“Há uma percepção de que sustentabilidade é só para as grandes empresas, mas são os pequenos empreendedores que encontram as soluções para muitos desafios” afirmou André Carvalho, professor da FGV-EAESP, durante lançamento do programa “Inovação e Sustentabilidade na Cadeia de Valor”. O programa foi lançado pelo GVces e o Citibank, com o intuito de conectar pequenas, médias e grandes empresas no desenvolvimento de produtos e serviços inovadores do ponto de vista da sustentabilidade.
Segundo Mario Monzoni, coordenador do GVces, a palavra principal do programa será “colaboração”. “Não queremos ver uma imposição de regras dos grandes para os pequenos. Queremos construir um espaço para que a inovação apareça e possamos descobrir as demandas dialogando com casos práticos.”
Um dos casos apresentados foi o da Terpenoil, fabricante de produtos de limpeza e higiene orgânicos e biodegradáveis a partir do terpeno – uma substância natural do óleo de plantas, como pinho e frutas cítricas. Hoje, a empresa brasileira é a fornecedora de desengraxes para a limpeza e pré-tratamento dos fogões fabricados pela multinacional Whirpool.
Além de ser uma substância natural, o terpeno possibilitou a redução de 20% no consumo de energia em um ano, pois a limpeza das chapas de aço dos fogões é feita em temperatura ambiente e não com elas aquecidas, como era necessário com o uso dos desengraxes tradicionais. Segundo o relatório de sustentabilidade da Whirpool de 2009, no primeiro ano de adesão aos produtos à base de terpeno na fábrica em Rio Claro, no interior paulista, a redução no consumo da água utilizada nos tanques de desengraxe foi de 76% e na água empregada nos tanques de enxágue, de 92%.
Outros casos citados foram os da Ouro Verde, empresa que vende castanha-do-pará de comunidades indígenas da Amazônia, e a Pack Less, que produz pallets de plástico para transporte de cargas. Por serem mais leves que a madeira, a escolha por esses pallets permite um melhor desempenho dos caminhões e reduz o consumo de combustíveis. Dezoito unidades pesam 53 quilos, enquanto os de madeira representam 540 quilos a mais no caminhão.
A partir de março de 2012, o programa “Inovação e Sustentabilidade na Cadeia de Valor” abrirá um site para inscrições de empresas interessadas. Enquanto isso, o GVces organiza um levantamento de mais casos que mostrem impacto social, ambiental e econômico. A partir daí, serão definidos os critérios e indicadores para seleção dos casos que integrarão o banco de dados. Ao longo do ano, oficinas temáticas vão expor e debater casos, possibilitando também um espaço para desenvolvimento de networking entre as empresas, fortalecendo e criando relações.
Para Daniela Stucchi, gerente de sustentabilidade do Citibank, em entrevista para a reportagem “Pequenos Poderes”, o programa potencializará novos “ecossistemas econômicos com inclusão social e preservação ambiental”. “Nosso entendimento é o de que os investimentos devem ir para organizações com o potencial de formar tais ecossistemas”, disse. Nessa mesma edição, Página22 trouxe uma série de movimentações que mostram o pipocar da inserção da sustentabilidade na escala das pequenas e médias empresas.