Por Flavia Pardini
Na investigação sobre as águas subterrâneas da região metropolitana, o pesquisador Ricardo Hirata tentou responder uma pergunta que ronda a comunidade científica: quanto de água a Bacia do Alto Tietê pode dar? No caso das águas subterrâneas, com a perfuração estimada de cerca de 500 poços por ano — e um total aproximado de 10 mil poços em operação atualmente —, a questão é: até quando haverá água suficiente no subsolo?
A pesquisa revelou que o nível da água se mantém, apesar da exploração via poços, dos quais se estima que 70% não tenham recebido outorga do Departamento de Águas e Energia Elétrica. “O maior recarregador do aqüífero é a Sabesp”, diz Hirata.
O estudo mostrou que a assinatura isotópica (medida de acordo com a massa atômica das moléculas de oxigênio) da água da rede da Sabesp é diferente da água de recarga natural. Em poços localizados no centro expandido de São Paulo, cerca de 60% da água tem a assinatura da rede da Sabesp. Segundo Hirata, referem-se às perdas que a empresa sofre nos processos de distribuição de água tratada e de coleta de esgoto.
Apesar dessa recarga “artificial”, a perspectiva para a bacia não é boa. “Há áreas com intenso bombeamento”, afirma Hirata. “E outras que ainda podem ser exploradas.” Segundo ele, para evitar o desperdício decorrente da exploração desordenada, é fundamental a participação dos usuários. “Se cada um pedir o registro de seu poço, fica mais fácil de gerir, de saber quanto a bacia pode dar para cada um.