As empresas podem e devem fazer mais para ajudar o mundo a enfrentar a ameaça de escassez de água potável. Com isso em mente, o Global Compact das Nações Unidas lançou essa semana diretrizes para que as empresas informem como consomem e manejam recursos hídricos. A ideia é desenvolver uma abordagem comum para que as corporações enfrentem a complexa questão da água.
As diretrizes orientam as empresas a coletar dados sobre o estado atual de sua gestão da água, a acessar as implicações das informações levantadas, a desenvolver uma resposta estratégica e a reportar os dados a seus stakeholders. De posse de dados e análise, a esperança é que ajam para reduzir sua pegada líquida e conectar a questão da água a outros tópicos da sustentabilidade.
Desenvolvidas em parceria com Pacific Institute, Carbon Disclosure Project, PricewaterhouseCoopers, World Resource Institute e Global Reporting Initiative (GRI), as diretrizes foram apresentadas durante a World Water Week em Estocolmo. De acordo com um executivo presente às discussões, as empresas estão convencidas de que é preciso agir e a questão agora é como melhor fazê-lo.
A intensa seca que afeta partes dos Estados Unidos esse ano tem ajudado a convencer quem ainda precisa de argumentos que o futuro será mais seco. Além disso, a ciência continua apontando que o atual consumo de água é insustentável.
Em artigo publicado no início de agosto na revista Nature, cientistas canadenses e holandeses indicaram que a área em que a população humana depende da água de reservatórios subterrâneos é 3,5 vezes maior do que a área ocupada pelos aquíferos. Os pesquisadores calculam que 20% dos aquíferos do mundo são super explorados – a água é usada mais rápido do que os reservatórios podem ser recarregados.
Um quadro definitivo da sustentabilidade no uso dos aquíferos depende de dados – ainda inexistentes – que mostrem quanta água existe em cada um deles. Mas como 99% da água doce e na forma líquida está em reservatórios subterrâneos, seria sensato optar por gerir esses recursos da forma mais sustentável possível.
Iniciativas como as diretrizes do Global Compact sinalizam nessa direção. Mas o contínuo crescimento da demanda e o fato de que algumas regiões do mundo já enfrentam falta de água potável alimentam outras soluções, como a dessalinização, setor cujos negócios devem triplicar nos próximos cinco anos, segundo a consultoria Global Water Intelligence.
“A água nesse momento é uma pressão maior do que o carbono sobre o planeta”, disse o CEO da Dow Chemical à Bloomberg. “Nós gerimos a água terrivelmente mal. Vai ser um grande tema”.