Em se tratando de sustentabilidade, só a criatividade redime. Por isso, algumas cidades do Hemisfério Norte começam a usar o calor gerado pelas multidões em lugares públicos para aquecer imóveis das redondezas. Em geral, o sistema é similar ao usado no aproveitamento da energia geotérmica – tanques são instalados no subsolo e a água aquecida pela aglomeração é bombeada para o encanamento da unidade a ser aquecida. É uma estrutura cara, mas que pode ser consideravelmente barateada se incluída no planejamento urbano e de novos edifícios.
Um dos exemplos mais recentes vem de Paris. A Paris Habitat, organização encarregada de criar opções de moradia acessíveis à população mais pobre, vai usar a energia gerada por usuários da estação de metrô Rambuteau para aquecer 17 apartamentos de um conjunto habitacional próximo a uma das referências culturais da cidade, o Centre Pompidou. Cada corpo humano emite cerca de 100 watts – e milhares de corpos se aglomeram no metrô ao longo do dia. Some-se a essa geração o calor produzido pela fricção das rodas dos vagões nos trilhos, que cria uma temperatura agradável, que contrasta com o frio da rua. A expectativa é que isso possa reduzir em um terço o consumo de energia e as emissões de carbono associados ao aquecimento desses edifícios.
Não é um caso isolado. O calor gerado por 250 mil usuários diários da estação ferroviária central de Estocolmo, na Suécia, é encaminhado para um edifício de escritório próximo, de 13 andares. O sistema de ventilação da estação utiliza a diferença de temperatura criada pelos viajante para aquecer água estocada em tanques instalados no subsolo. Ela é então bombeada para a canalização do edifício, do outro lado da rua, o que permite economizar cerca de 25% dos seus gastos com energia.
Outro exemplo. Um dos maiores shopping centers dos Estados Unidos, o mastodôntico Mall of America, em Bloomington, no gélido estado de Minnesota, não tem um sistema de aquecimento central, mas consegue manter a temperatura ambiente na faixa de 21 graus Celsius graças a um sistema de energia solar passiva – que emprega quase 2 quilômetros de clarabóias que recobrem sobre seus corredores -, mais o calor gerado pelo sistema de iluminação e o calor dos corpos de mais de 40 milhões de visitantes anuais.
Numa pequena variação desse tema, foi noticiado aqui mesmo na Página 22 que um crematório inglês está ajudando aquecendo um ginásio esportivo. Vivos ou mortos, nossos corpos criam possibilidades que, em tempos tão bicudos, simplesemente não podem ser ignoradas.[:en]
Em se tratando de sustentabilidade, só a criatividade redime. Por isso, algumas cidades do Hemisfério Norte começam a usar o calor gerado pelas multidões em lugares públicos para aquecer imóveis das redondezas. Em geral, o sistema é similar ao usado no aproveitamento da energia geotérmica – tanques são instalados no subsolo e a água aquecida pela aglomeração é bombeada para o encanamento da unidade a ser aquecida. É uma estrutura cara, mas que pode ser consideravelmente barateada se incluída no planejamento urbano e de novos edifícios.
Um dos exemplos mais recentes vem de Paris. A Paris Habitat, organização encarregada de criar opções de moradia acessíveis à população mais pobre, vai usar a energia gerada por usuários da estação de metrô Rambuteau para aquecer 17 apartamentos de um conjunto habitacional próximo a uma das referências culturais da cidade, o Centre Pompidou. Cada corpo humano emite cerca de 100 watts – e milhares de corpos se aglomeram no metrô ao longo do dia. Some-se a essa geração o calor produzido pela fricção das rodas dos vagões nos trilhos, que cria uma temperatura agradável, que contrasta com o frio da rua. A expectativa é que isso possa reduzir em um terço o consumo de energia e as emissões de carbono associados ao aquecimento desses edifícios.
Não é um caso isolado. O calor gerado por 250 mil usuários diários da estação ferroviária central de Estocolmo, na Suécia, é encaminhado para um edifício de escritório próximo, de 13 andares. O sistema de ventilação da estação utiliza a diferença de temperatura criada pelos viajante para aquecer água estocada em tanques instalados no subsolo. Ela é então bombeada para a canalização do edifício, do outro lado da rua, o que permite economizar cerca de 25% dos seus gastos com energia.
Outro exemplo. Um dos maiores shopping centers dos Estados Unidos, o mastodôntico Mall of America, em Bloomington, no gélido estado de Minnesota, não tem um sistema de aquecimento central, mas consegue manter a temperatura ambiente na faixa de 21 graus Celsius graças a um sistema de energia solar passiva – que emprega quase 2 quilômetros de clarabóias que recobrem sobre seus corredores -, mais o calor gerado pelo sistema de iluminação e o calor dos corpos de mais de 40 milhões de visitantes anuais.
Numa pequena variação desse tema, foi noticiado aqui mesmo na Página 22 que um crematório inglês está ajudando aquecendo um ginásio esportivo. Vivos ou mortos, nossos corpos criam possibilidades que, em tempos tão bicudos, simplesemente não podem ser ignoradas.