Cientistas da Woods Hole Oceanographic Institution, o maior centro independente de pesquisas oceânicas dos EUA, identificaram microorganismos capazes de digerir os resíduos que compõem as cinco grandes ilhas oceânicas de plástico. Eles vivem e prosperam nesses lixões flutuantes, compostos por pequenos pedaços de lixo arrastado pelas correntes marinhas para pontos de convergência em várias partes do mundo e que podem ter sérios impactos sobre a biodiversidade. O fenômeno foi observado no Mar dos Sargaços, no Atlântico Norte, entre Bermuda e a Ilha dos Açores.
Em entrevista publicada esta semana pela revista virtual Newsweek, Tracy Mincer, pesquisadora da instituição, explica que essas ilhas de plástico formam-se em áreas remotas e pobres em nutrientes, que são disputados por pequenos camarões e plantas. Entretanto, o amontoado de lixo tornou-se um ponto de concentração desses nutrientes, que se acumulam como uma rica película superficial. Esse hábitat artificial está reanimando milhares de espécies de microorganismos até então dormentes. Boa parte deles são diatomáceas, organismos unicelulares que compõem o fitoplâncton. Há evidências de que eles são capazes de ingerir o plástico, mas ainda não está claro se esse fenômeno será capaz de reduzir o volume de resíduos acumulados nos oceanos, ou se essa é uma ocorrência meramente marginal. Além disso, parte desses microorganismos são ingeridos por peixes e transferem pedaços minúsculos de plástico para seus estômagos. As consequências para a cadeia alimentar da região ainda não estão muito claras.
O mais interessante, nessa descoberta, é a confirmação de que existe uma possibilidade real de biorremediar áreas contaminadas por plástico utilizando microorganismos selecionados segundo a sua voracidade. Seria uma opção valiosa, já que o lixo plástico é onipresente e particularmente difícil de reciclar, porque sua composição química varia bastante e porque ele tem pouco valor de mercado, o que desistimula os esforços de coleta de material pós-consumo.
Relatos de bactérias devoradoras de plástico não são raros. Miranda Wang e Jeanny Yao, duas adolescentes canadenses, descobriram um microorganismo capaz de degradar ftalatos, componentes tóxicos de alguns tipos de plásticos flexíveis. Pesquisadores do University College, de Dublin, na Irlanda, isolaram uma bactéria do gênero Pseudomonas capaz de converter o plástico PET em polihidroxialcanoato (PHA), um plástico biodegradável e mais valorizado. Microorganismos capazes de degradar resíduos plásticos são tão prevalentes que você pode até obter instruções na web que ajudem a identificar o potencial plasticovoro dos microorganismos do seu quintal. Agora, difícil é saber quanto tempo levará até que algum cientista desenvolva um método viável tanto técnica quanto economicamente de biorremediação de áreas contaminadas com plástico.[:en]
Cientistas da Woods Hole Oceanographic Institution, o maior centro independente de pesquisas oceânicas dos EUA, identificaram microorganismos capazes de digerir os resíduos que compõem as cinco grandes ilhas oceânicas de plástico. Eles vivem e prosperam nesses lixões flutuantes, compostos por pequenos pedaços de lixo arrastado pelas correntes marinhas para pontos de convergência em várias partes do mundo e que podem ter sérios impactos sobre a biodiversidade. O fenômeno foi observado no Mar dos Sargaços, no Atlântico Norte, entre Bermuda e a Ilha dos Açores.
Em entrevista publicada esta semana pela revista virtual Newsweek, Tracy Mincer, pesquisadora da instituição, explica que essas ilhas de plástico formam-se em áreas remotas e pobres em nutrientes, que são disputados por pequenos camarões e plantas. Entretanto, o amontoado de lixo tornou-se um ponto de concentração desses nutrientes, que se acumulam como uma rica película superficial. Esse hábitat artificial está reanimando milhares de espécies de microorganismos até então dormentes. Boa parte deles são diatomáceas, organismos unicelulares que compõem o fitoplâncton. Há evidências de que eles são capazes de ingerir o plástico, mas ainda não está claro se esse fenômeno será capaz de reduzir o volume de resíduos acumulados nos oceanos, ou se essa é uma ocorrência meramente marginal. Além disso, parte desses microorganismos são ingeridos por peixes e transferem pedaços minúsculos de plástico para seus estômagos. As consequências para a cadeia alimentar da região ainda não estão muito claras.
O mais interessante, nessa descoberta, é a confirmação de que existe uma possibilidade real de biorremediar áreas contaminadas por plástico utilizando microorganismos selecionados segundo a sua voracidade. Seria uma opção valiosa, já que o lixo plástico é onipresente e particularmente difícil de reciclar, porque sua composição química varia bastante e porque ele tem pouco valor de mercado, o que desistimula os esforços de coleta de material pós-consumo.
Relatos de bactérias devoradoras de plástico não são raros. Miranda Wang e Jeanny Yao, duas adolescentes canadenses, descobriram um microorganismo capaz de degradar ftalatos, componentes tóxicos de alguns tipos de plásticos flexíveis. Pesquisadores do University College, de Dublin, na Irlanda, isolaram uma bactéria do gênero Pseudomonas capaz de converter o plástico PET em polihidroxialcanoato (PHA), um plástico biodegradável e mais valorizado. Microorganismos capazes de degradar resíduos plásticos são tão prevalentes que você pode até obter instruções na web que ajudem a identificar o potencial plasticovoro dos microorganismos do seu quintal. Agora, difícil é saber quanto tempo levará até que algum cientista desenvolva um método viável tanto técnica quanto economicamente de biorremediação de áreas contaminadas com plástico.