Durante séculos, as populações do Mar Cáspio pescaram esturjões para retirar as suas ovas, compradas a preço de ouro pelas elites do planeta. A iguaria ganhou fama no século XVIII graças à czarina Catarina, a Grande, que servia caviar a rodo à corte russa. Tamanho prestígio levou à sobrepesca – e esta à diminuição drástica da população das 25 espécies do esturjão.
Isso desencadeou uma onda internacional de reações e restrições à indústria do caviar. Os Estados Unidos, por exemplo, baniram a importação do beluga do Mar Cáspio em 2005. Agora, o governo canadense estuda incluir o esturjão do Atlântico na lista de espécies altamente ameaçadas e proibir a sua pesca. Mas as leis coibitivas são, com frequência, ignoradas. Um exemplo disso é o rio Danúbio, lar da última população selvagem de esturjões da Europa. Em novembro, o WWF liberou 11 mil esturjões na bacia, na fronteira da Bulgária e da Romênia, na tentativa de repovoá-la. A pesca na região tornou-se ilegal, mas os contrabandistas de caviar fizeram-se de desentendidos.
Hoje, boa parte da produção é proveniente de projetos de aquacultura. Entretanto poucos aquacultores foram tão longe, em termos de sustentabilidade, quanto a California Caviar Company. A empresa desenvolveu um modelo que envolve a indução da ovulação do esturjão a cada 15 meses com o uso de uma espécie de hormônio, após o que a fêmea é submetida a uma massagem para que libere as ovas. O peixe continua vivo e pode viver entre 60 e 120 anos.
A técnica foi desenvolvida e patenteada por Angela Köhler, uma bióloga marinha alemã que coordena pesquisas em biologia celular e eco-toxicologia do Instituto de Pesquisas Polares e Marinhas Alfred Webener. O diário virtual CivilEats, que discute a ética envolvida na indústria da alimentação nos EUA, traz uma descrição muito interessante de como ela foi desenvolvida.
As ovas produzidas pela cientista na Alemanha e comercializadas pela California Caviar Company não são mais baratas que aquelas produzidas da forma convencional, mas a expectativa é que esse modelo ganhe escala, reduzindo tanto o preço quanto a pressão sobre as populações que vivem livres. De um modo geral, a aquacultura é uma prática bastante criticada, seja pelos seus tanques exíguos, ocupação de mangues ou o uso de hormônios, mas é evidente que este novo modelo de produção pode revolucionar o consumo do caviar, sem tirar um grama do seu charme.[:en]
Durante séculos, as populações do Mar Cáspio pescaram esturjões para retirar as suas ovas, compradas a preço de ouro pelas elites do planeta. A iguaria ganhou fama no século XVIII graças à czarina Catarina, a Grande, que servia caviar a rodo à corte russa. Tamanho prestígio levou à sobrepesca – e esta à diminuição drástica da população das 25 espécies do esturjão.
Isso desencadeou uma onda internacional de reações e restrições à indústria do caviar. Os Estados Unidos, por exemplo, baniram a importação do beluga do Mar Cáspio em 2005. Agora, o governo canadense estuda incluir o esturjão do Atlântico na lista de espécies altamente ameaçadas e proibir a sua pesca. Mas as leis coibitivas são, com frequência, ignoradas. Um exemplo disso é o rio Danúbio, lar da última população selvagem de esturjões da Europa. Em novembro, o WWF liberou 11 mil esturjões na bacia, na fronteira da Bulgária e da Romênia, na tentativa de repovoá-la. A pesca na região tornou-se ilegal, mas os contrabandistas de caviar fizeram-se de desentendidos.
Hoje, boa parte da produção é proveniente de projetos de aquacultura. Entretanto poucos aquacultores foram tão longe, em termos de sustentabilidade, quanto a California Caviar Company. A empresa desenvolveu um modelo que envolve a indução da ovulação do esturjão a cada 15 meses com o uso de uma espécie de hormônio, após o que a fêmea é submetida a uma massagem para que libere as ovas. O peixe continua vivo e pode viver entre 60 e 120 anos.
A técnica foi desenvolvida e patenteada por Angela Köhler, uma bióloga marinha alemã que coordena pesquisas em biologia celular e eco-toxicologia do Instituto de Pesquisas Polares e Marinhas Alfred Webener. O diário virtual CivilEats, que discute a ética envolvida na indústria da alimentação nos EUA, traz uma descrição muito interessante de como ela foi desenvolvida.
As ovas produzidas pela cientista na Alemanha e comercializadas pela California Caviar Company não são mais baratas que aquelas produzidas da forma convencional, mas a expectativa é que esse modelo ganhe escala, reduzindo tanto o preço quanto a pressão sobre as populações que vivem livres. De um modo geral, a aquacultura é uma prática bastante criticada, seja pelos seus tanques exíguos, ocupação de mangues ou o uso de hormônios, mas é evidente que este novo modelo de produção pode revolucionar o consumo do caviar, sem tirar um grama do seu charme.