No Brasil e no mundo tem ocorrido uma série de reações conservadoras contra os imigrantes, os refugiados de guerra, o Movimento Negro, o de mulheres, de indígenas, de gays, entre diversos outros grupos de minoria política. Mas o fato de que a intolerância virou uma das palavras correntes para descrever o estado do mundo pode indicar uma boa notícia: a de que esses movimentos estão crescendo e se empoderando, o que faz com que o status quo se sinta ameaçado.
Ocorre que a revolução digital que vivemos trouxe elementos decisivos para o desenrolar dessa história. A organização social tem cada vez mais assumido formatos de rede, o que propicia a descentralização do poder e a ocupação de espaço pelas brechas. O mundo que já foi binário, polarizado, torna-se multifacetado, sacudindo o eixo de dominação historicamente ocupado pelo homem branco ocidental.
Nesta edição em que Página22 publica o seu número 100, voltamos ao tema da diversidade para enfatizar o que já escrevemos em edições anteriores. “Onde tem vida, tem diversidade”, nos disse uma vez o educador Reinaldo Bulgarelli (leia na edição 32). Esse é o entendimento da revista na sua cobertura jornalística da sustentabilidade: a que cruza múltiplos olhares através das variadas dimensões – a econômica, a política, a cultural e a ambiental, profundamente entrelaçadas.
Nesse imenso caldo em que tudo se mistura e se enriquece, cabe uma nova utopia. A vida, ameaçada em todas essas dimensões, mas cheia de oportunidades de transformação, é o objeto de trabalho que mobiliza as pessoas envolvidas neste projeto jornalístico, desde o número 1.
Boa leitura!