Fui escutar Fabio Barbosa em um encontro promovido pela Palas Athena. O encontro recebeu o título de “A ética e a Convivência”. Já tinha escutado e lido alguma das ideias do atual presidente da Febraban, mas foi a primeira vez que compartilhei de sua presença. Ele iniciou sua fala com o contexto atual do nosso país, trouxe as principais razões de nosso bom momento econômico, citou o Bônus Demográfico, o aumento de renda e crédito, além da estabilidade do endividamento e comprometimento desta renda, também citou que na visão dele uma inclusão bancário representa cidadania. Neste sentido, adicionou que os próximos desafios são ampliar os empréstimos às pequenas e médias empresas e realizar investimentos de longo prazo em infraestrutura.
O segundo ponto de sua fala foi relacionado a Sustentabilidade. Sua percepção é de que este desafio exige uma séria reforma de valores, uma mudança de atitude. Para isto é necessário uma lógica que saia do ‘ou’ para o ‘e’. Isto é, uma visão que integre as dimensões econômica-social-ambiental (single bottom line) em nosso comportamento a fim de que seja possível praticar o ganha-ganha-ganha. Outro ponto interessante foi a questão da sociedade em redes que nos conecta e evidencia a interdependência entre os diversos países, organizações, sistemas, pessoas…
Esta questão nos traz a importância do nós, do diálogo, do intangível, do inefável; “Não dá para ir bem, indefinidamente em um país que vai mal”. Outro ponto importante que Fabio trouxe foi a importância da diversidade – “A diferença faz a diferença”; falando como é inteligente aquele que não pensa como nós, ou seja, como é fundamental diferentes perspectivas frente a uma questão.
Na última parte, falou sobre valores e como nossa sociedade está mudando rapidamente com constantes transformações. Neste sentido, reforçou a questão da sociedade em redes com o esvaziamento do comando e controle. Para isto nos trouxe uma conversa com um ex-secretário do governo norte americano que falou sobre a dificuldade do trabalho do CIA hoje em dia, dizendo que no caso dos recentes acontecimentos no Egito, Líbia e Síria as agências de inteligência não faziam a menor ideia de que isto poderia acontecer (leia a respeito aqui).
Indo além falou sobre a impossibilidade de estar no off atualmente, isto é, sobre uma permanente observação de diversos stakeholders que a tecnologia permite hoje, e como isto implica em uma “obrigatoriedade” de transparência. Como se fosse um enforcement que as mídias sociais impõem e exigem uma coerência entre discurso e prática – Walk the Talk. Por fim, com muita simplicidade explicou sua visão sobre ética: “Se é possível comentar no jantar em família com os filhos, provavelmente é ético, do contrário… possivelmente não é”. Neste sentido, trouxe que seremos julgados no futuro pelo o que estamos plantando no presente e este julgamento será com as regras do futuro, logo é fundamental aprender conforme o futuro emerge, se conectar com o que a sociedade está dizendo e saber enxergar para onde estamos indo. Por último recuperou a visão do ‘e’ e trouxe que hoje esta nova lógica permite ser ético e obter sucesso; permite ser ético e ser feliz, ou seja não são opções excludentes.
Leeward Wang
Programa Formação para Sustentabilidade