Com a crescente adesão de países, a ratificação do Acordo de Paris está prestes a virar realidade. E, para cumprir as metas de redução de emissões de carbono, uma verdadeira revolução energética será necessária, com redução drástica no consumo de combustíveis fósseis.
Embora o avanço das fontes renováveis seja notável no Brasil e no mundo, indicando que já estamos vivemos uma transição energética, o jogo conta com pesadas forças que atuam pela manutenção do business as usual. Como revelam a reportagem de capa e a coluna Olha Isso desta edição, o aumento das fontes mais limpas ainda se dá em escala muito baixa, a energia produzida no mundo tem parcela altíssima entre as fontes fósseis (87%), e até mesmo a energia nuclear vem sendo substituída por fontes sujas em lugar das renováveis.
O Brasil pode se tornar um grande protagonista dessa transição. Mas parece acomodar-se na ideia de que sua matriz energética já é “limpa”, enquanto a realidade é distinta: o transporte de carga é majoritariamente movido a diesel, as termelétricas a óleo são acionadas sempre que há falta de chuvas, e têm sido crescentes os questionamentos sobre os impactos socioambientais e a vantagem econômica das usinas hidrelétricas.
A despeito do enorme potencial para as renováveis, o pesquisador Gilberto Januzzi, da Unicamp, vê o Brasil hoje apenas como um comprador para empresas estrangeiras que atuam no segmento de renováveis. Com isso, o Brasil não desperdiça apenas a oportunidade de liderar esse mercado: está deixando de protagonizar o que vem sendo chamado de Antropoceno 3.0.
Em entrevista à Página22, o historiador José Augusto Pádua explica que se trata de uma nova etapa da época geológica em que o impacto humano sobre a Terra passa a ser inteligentemente manejado, adotando uma economia cada vez mais circular e usando fontes renováveis e mais limpas. Se houver pressão da sociedade, ainda há tempo de caminhar nessa direção.
Boa leitura!