Adiar para 2010 decisões que deveriam pautar a Conferência Global do Clima, que acontece em Copenhague em dezembro, é um crime, considera a Campanha TicTacTicTac.
A aliança, composta por organizações não-governamentais e grupos de diferentes partes do mundo, considera que a posição de países como Estados Unidos e China, de adiar decisões consideradas mais importantes para a COP de 2010, como sendo “imoral e politicamente inaceitável, além de mostrar o total descaso com que as questões climáticas estão sendo tratadas.”
Leia abaixo o manifesto na íntegra.
Postergar decisões da CoP-15 é um ato criminoso
A campanha TicTacTicTac vêm a publico expressar sua indignação em relação às ultimas declarações de países como os Estados Unidos, México e China de adiar para 2010 as decisões previstas para a Conferencia do Clima (CoP-15) em dezembro em Copenhague, Dinamarca.
Tal postura neste momento é imoral e politicamente inaceitável além de mostrar o total descaso com que as questões climáticas estão sendo tratadas nas esferas responsáveis pelas mudanças que se impõem atualmente.
Há dois anos, numa conferência em Bali, na Indonésia (CoP-13) , foi decidido que a CoP-15 seria o prazo final para definir um pacto climático, com decisões legalmente vinculantes dos compromissos de redução de gases de efeito estufa nos países industrializados. Já os diálogos políticos para uma nova etapa do acordo global foram iniciados na CoP-11 em Montreal, 2005. Isso porque o Protocolo de Quioto determinava que as negociações deveriam começar 7 anos antes do primeiro periodo de compromisso de redução de gases do efeito estufa. “Tivemos pelo menos 4 anos para conversar. Copenhague é para tomar as decisões de validade jurídica e não de meras declarações políticas”, afirma Rubens Harry Born, do Instituto Vitae Civilis e conselheiro da Campanha TicTacTicTac.
Os atrasos nas negociações implicam, tacitamente, na ampliação do número de vitimas humanas, de eventos extremos e graves impactos sócioeconômicos. Ao adiar a assinatura de acordos legalmente vinculantes, estes países deverão ser responsabilizados por mortes e outras conseqüências desta decisão.
Cabe agora ao governo brasileiro – que poucos dias antes mudou de postura e apresentou objetivos quantificáveis para limitar o crescimento e eventualmente reduzir as emissões brasileiras – elevar o tom de suas cobranças no plano internacional, aliando-se a outros relevantes países que ainda lutam por acordos legalmente vinculantes (medida do sucesso em Copenhague) fazendo valer a credibilidade que ganhou com sua iniciativa.
Mas, para dar consistência a esta credibilidade, é fundamental que presidente Lula e sua equipe ajam também aqui no Brasil, consolidando os compromissos assumidos por meio da necessária legislação e das políticas públicas correspondentes. A situação é séria, e não admite discursos vazios nem jogos de cena.