Estudo mostra como o uso de enzimas e microorganismos pode aumentar a produtividade por hectare, reduzir a necessidade de insumos e mitigar a emissão de carbono
Por William Yassumoto*
O mundo enfrenta uma série de desafios que impactam a vida de milhões de pessoas, entre eles a mudança climática e a necessidade de se produzir cada vez mais alimentos para atender a uma população crescente. Neste contexto, a biotecnologia emerge como uma ferramenta que pode impulsionar a produção agrícola, contribuir para a segurança alimentar e, ao mesmo tempo, reduzir o impacto ambiental. Um estudo recente, intitulado Estudo do Hectare – Desbloqueando potenciais produtivos no mesmo espaço de terra com biossoluções no país, lança luz sobre o potencial que as biossoluções têm na cadeia de valor agrícola do Brasil (acesse abaixo).
A crescente demanda por alimentos coloca pressão sobre a agricultura para aumentar a produção. E as biossoluções (como enzimas e microrganismos) podem contribuir, especialmente em um país como o Brasil, que tem um papel fundamental na produção de alimentos em escala global.
As enzimas são proteínas que atuam como catalisadores. Quando uma substância precisa ser transformada em outra, a natureza usa enzimas para acelerar o processo. A expertise da Novozymes é identificar microrganismos na natureza que produzam enzimas com as características exatas para resolver grandes problemas industriais.
O Estudo do Hectare, desenvolvido pela Novozymes, considerou duas safras no ano, uma de soja e outra de milho. No modo convencional de produção, sem o uso de biossoluções, um hectare, de acordo com uma produção extraída dos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), consegue produzir soja e milho para alimentar 2.340 frangos até a fase adulta (cerca de um ano) e fornecer óleo de soja para a produção de 746 litros de biodiesel. Se biossoluções forem utilizadas no processo produtivo, é possível alimentar 2.400 frangos por hectare sem alterar a quantidade inicial de ração, e a produção de biodiesel chegaria a 790 litros.
Além disso, a utilização de inoculantes, produtos compostos por grande quantidade de bactérias (as mesmas que já são encontradas no solo), aumentaria a produtividade das lavouras. O milho adicional, por exemplo, poderia ser usado para a produção de 83 litros de etanol à base de amido. A soja proveniente da produção deste hectare poderia ser utilizada para a produção de 224 kg de ração rica em proteínas. Além disso, a utilização de biossoluções no processo gera economia na aplicação de nitrogênio e de fósforo devido ao uso de microrganismos que solubilizam os nutrientes, o que facilita a absorção das plantas tornando-as mais produtivas.
Além de mais produção, a adoção de biossoluções, considerando-se todos esses processos, geraria, por hectare/ano, uma redução total nas emissões de gases do efeito estufa de 1 tonelada métrica de dióxido de carbono equivalente.
O estudo demonstra que as biossoluções representam um exemplo inspirador de como a ciência pode se unir à agricultura para atender às necessidades humana com menor impacto ambiental do nosso planeta. Na medida em que continuamos a desenvolver e adotar essas tecnologias, estamos um passo mais próximos de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. A aplicação das biossoluções pode ajudar a mitigar a mudança climáticas (ODS 13), produzir mais energia renovável (ODS 7), combater a fome (ODS 2) e estimular o crescimento econômico (ODS 8).
Enquanto avançamos, é essencial continuar apoiando a pesquisa e a adoção dessas soluções inovadoras. Elas têm o potencial de impactar não apenas o Brasil, mas também o mundo, pois precisamos trabalhar juntos para enfrentar os desafios ambientais e alimentares que temos diante de nós.
* William Yassumoto, presidente regional da Novozymes para a América Latina