Por Amália Safatle
Nas frestas do ambiente urbano em construção e desconstrução, o fotógrafo e arquiteto Arnaldo Pappalardo encontrou a brecha para intervir. Retratou em escala real e de forma lúdica o humano nas camadas de um tempo muito atual, completamente envolvido nos dramas de seu espaço. Mais próximo, impossível.
A provocação veio anos atrás por meio de uma das edições do projeto cultural Arte/Cidade – realizado em São Paulo desde 1994, com a proposta de destacar áreas críticas da metrópole em desarranjo e buscar novas dinâmicas, sob a contribuição de um olhar artístico.
Na edição de 1997, intitulada A Cidade e suas Histórias, o projeto lançou luz sobre uma estação de trem e os trilhos que alcançavam os silos do antigo Moinho Central e as ruínas das Indústrias Matarazzo. O que veio depois disso emerge nas novas camadas desse habitat moderno, tantas vezes inóspito, mas que nós mesmos formamos, como parte incrustada. Claro que esta é só uma interpretação; a arte permite todas.