Os que são do interior podem compreender melhor. Sabe aquela crendice popular de que animal mal tratado pode resultar em comida ruim? Pois é, um estudo do IFC (International Finance Corporation) acaba de confirmar essa história, revelando, a partir da análise de uma série de casos práticos, a relação direta entre a saúde física e mental dos animais e a rentabilidade dos negócios.
Segundo o relatório, o treinamento adequado das pessoas que lidam com os animais pode melhorar a produtividade, o crescimento e a reprodução deles. Isso porque, antes ou durante o abate, o manuseio e o transporte podem, se mal feitos, causar lesões nos animais, o que acaba desvalorizando suas carcaças e resultando em cortes de baixa qualidade. Esses ferimentos elevam o pH da carne, deixando-a mais escura, e podem inclusive torná-la inadequada para o consumo humano.
Entre os casos apresentados, a melhoria do espaço da ordenha, proporcionando um ambiente com mais conforto para as vacas, aumentou significativamente a produção de leite. O crescimento e a reprodução entre porcos também melhorou depois da implantação de métodos de criação que reduziram o medo desses animais no contato com os humanos. E as galinhas também botaram mais ovos depois de reformas no espaço onde eram criadas.
Segundo o IFC, um de seus clientes estava inicialmente transportando as aves em cestos para o abatedouro. Além de estresse, o saldo dessa prática ainda envolvia asas quebradas e outros tipos de contusões. Esses danos acabavam diminuindo o preço das aves em cerca de 8%. A modificação para um outro sistema mais adequado fez com que o produtor deixasse de perder US$ 320 mil ao ano com as desvalorizações.
Os critérios para avaliação do bem-estar dos animais podem ir desde medidas de saúde e comportamento até o nível de produtividade. Tudo depende das características de cada espécie e tipo de criação. A maioria das principais companhias do setor alimentício já contratam apenas fornecedores orientados pelos princípios do bem-estar animal. Além dos programas individuais, algumas empresas ainda atuam em parcerias específicas com restaurantes e grupos do segmento varejista de alimentos.